domingo, 3 de dezembro de 2006

Faial Filmes Fest 2006

Terminou ontem o Faial Filmes Fest 2006.
Em 2005, este Festival foi uma Mostra de Curtas Metragens, cujo êxito foi tal que levou a que este ano o Festival assumisse o formato de Concurso, destinado a realizadores faialenses ou a residir na ilha do Faial.
As curtas deste ano vieram comprovar o talento e a vitalidade de um grupo considerável de pessoas - na sua maior parte, jovens - com muita vontade de se dedicarem à arte do cinema, por estes lados.
O Faial Filmes Fest é uma iniciativa do Cineclube da Horta.
Para saber mais: www.faialfilmesfest.cineclube.org

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Dia Mundial do Mar

Comemorações do Dia Mundial do Mar


Dia 16, Dia Mundial do Mar. A Secretaria Regional do Ambiente e do Mar através da Ecoteca do Faial com a colaboração dos Whale Whatchers Tiago Castro/Dive Azores, Norberto/Norberto Diver, Francisco Mateus/Horta Cetáceos e Clube Naval da Horta com o barco Valquíria, assinalaram o Dia Mundial do Mar organizando uma saída de barco com os alunos do 3º ciclo do 8º ano da Escola Secundária Dr. Manuel de Arriaga. Participaram nesta actividade 40 alunos e 3 professores.
Educar para um MAR SUSTENTÁVEL é o tema deste ano. Assim, mais do que um passeio recreativo, estes alunos que tiveram oportunidade de contactar directamente com o mar perceberam a importância da sua preservação. Também observaram o tipo de resíduos que se encontram na superfície da orla costeira e ficaram a saber o tempo que estes demoram a degradar-se.

Norberto Diver
www.norbertodiver.com
Hortacetáceos www.hortacetaceos.com
Dive Azores www.diveazores.net e o blog www.diveazores.blogspot.com
Clube Naval da Horta com o “Valquíria” www.cnhorta.org
Escola Secundária Manuel de Arriaga www.esmarriaga.com


No dia 20, pelas 10 horas da manhã, a palestra "Peixes Exóticos do Atlântico Profundo" no Centro do Mar (antiga Fábrica da Baleia) pelo Dr. Filipe Porteiro, investigador do DOP. Participaram 45 alunos do 2º ciclo da Escola Básica Integrada da Horta.

No dia 24 pelas 14 horas haverá um passeio para observação e recolha de resíduos pelo Clube do Mar da Escola Básica Integrada pela Praia de Porto Pim e pela paisagem protegida do Monte da Guia.
Para além de incluir zonas de maternidade para uma série de espécies piscícolas, como a Baía de Porto Pim ou as Caldeirinhas, a área marinha do Monte da Guia apresenta uma diversidade considerável de tipos de fundo e condições oceanográficas, que a tornam representativa duma série de habitats e comunidades marinhas dos Açores.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Uma conversa com duas décadas

Agora que o debate sobre a legalização do aborto está novamente na ordem do dia, veio-me à memória um episódio passado na Assembleia da República na década de 80.

«O acto sexual é para ter filhos» - disse o deputado do CDS-PP num debate sobre legalização do aborto.

A resposta em forma de poema, que fez rir todas as bancadas parlamentares, veio da nossa querida conterrânea Natália Correia:

«Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.»

Entretanto, passaram duas décadas, mas esta conversa bem podia ter sido ontem...

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Um sinistro debate

O debate promovido ontem à noite pela RTP1, a propósito do concurso «Grandes Portugueses», foi assustador. Em vez de uma sessão esclarecedora sobre a escolha dos mais admiráveis desta lusa nação, tivemos uma sessão de bate-boca em torno da figura de Salazar. O concurso que a RTP1 está a promover pretende oscultar o pulsar da nação, mas o debate, moderado por Maria Elisa, não conseguiu atravessar a cortina fantasmagórica do Senhor Censura. No meio de tanta asneira, as palavras que saíram da boca dos convidados mais jovens pareceram-me as mais sensatas. Não sei se a frescura da juventude permite olhar a realidade com mais clareza, mas pelo menos não a complica. E esse é o verdadeiro segredo da grandeza!

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

O secretário de Estado que devia ser anestesista

Tirei um dente do ciso. Não é que esta seja uma declaração importante para o mundo, pelo menos aparentemente. Mas foi uma experiência deveras interessante...

Há mais de 16 anos que não tirava um dente e já nem me lembrava como era. Apesar da delicadeza da minha dentista e da anestesia potente - uma agulha espetada do lado de fora e outra do lado de dentro - confesso que me senti como se estivesse nas mãos do dentista de «O velho que lia romances de amor».

Aliás, enquanto a minha dentista gastava as suas forças para conseguir arrancar o meu ciso só me lembrava das primeiras cenas do livro de Sepúlveda e dos impropérios que o doutor Rabicundo Loachamín lançava enquanto anestesiava os seus pacientes com o seu potente remédio oral.

“Quieto, carago! Tira as mãos! Já sei que dói. E quem é que tem a culpa? Quem? Eu? Quem tem a culpa é o Governo! Mete isso bem na moleirinha. O Governo é que tem a culpa de teres os dentes podres. O Governo é que tem a culpa de te doer», gritava então o doutor Loachamín arrancando dentes a frio.

O meu não foi arrancado a frio, mas passada a anestesia as dores começaram a chegar. Já passaram cinco dias, mas apesar do antibiótico a boca ainda dói e o buraco tarda em fechar.

Desesperada, abro a televisão para me distrair um pouco e ouço uma notícia animadora: «O preço da energia vai aumentar 15,7%». Apetece-me gritar, mas antes que tivesse tempo para fazer minhas as palavras do dentista de Sepúveda, a anestesia oral sai disparada da boca do próprio Secretário de Estado: «A culpa é dos consumidores! Pagaram pouco no passado, agora aguentem!».

Perante tal impropério, a minha dor passou. Acho que se foi embora com o susto. Vou recomendar ao secretário de Estado que peça a demissão. Ganhava muito mais como anestesista!

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Da minha janela...

Vejo um dia um dia que amanheceu cinzento e chuvoso, como se o Outono já tivesse dado lugar ao Inverno. O frio não veio, mas a humidade, essa, insiste em dominar a paisagem, feita de pensamentos e desejos felizes.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Até sempre Jornal dos Açores!

O Jornal dos Açores fechou. As notícias dizem que o diário não vai para as bancas desde segunda-feira e que a culpa é das dívidas acumuladas, a maior parte das quais com a Nova Gráfica, empresa que imprimia o jornal. A culpa, digo eu, é mais uma vez do mercado. Ou melhor, do leitor - que não se mexe para ler o que é bom e tem sempre dinheiro para comprar o que não presta!

Tenho pena de ver chegar ao fim um projecto que teve tudo para dar certo. Mas ainda que tenha durado pouco, o que interessa é que existiu. Porque aquilo que mudou e as pessoas que influenciou, isso não morrerá nunca!

Boa sorte para a equipa do Jornal dos Açores! Que final desta aventura seja apenas o começo de muitas outras, quiçá mais felizes!

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

«Reaprendi a olhar o mundo»

«Passaram mais de seis meses desde a última crónica que alinhavei neste jornal. Seis meses que pareceram voar, embora cada dia parecesse por vezes nunca mais acabar. Não, não foram seis meses de trabalho. Nem de doença. Nem de viagens. Apenas os primeiros meses de uma nova fase da minha vida: a maternidade.

No dia em que o meu filho nasceu, pensei que estava apenas a ser mãe pela primeira vez. Nada que a minha mãe e a minha avó não tivessem já feito, tal como muitas outras mulheres ao longo de todos os séculos. Talvez por isso, quando me perguntaram pela primeira vez se a maternidade mudava mesmo a pessoa, respondi que não tinha dado por nada. E, na verdade, não tinha. Ainda!

Contudo, ao longo destes meses fui percebendo que tudo mudou no dia em que o meu filho nasceu. (Isto de escrever “o meu filho” tem um peso estranho. Vejo-me de cabelos brancos e rugas pesadas a pronunciar estas palavras de posse, de sentimento de pertença. Como se o legado que deixo tivesse o peso de um feito inalcançável ao comum dos mortais. Como se o meu filho representasse a minha própria mortalidade.)

Confesso que o cansaço e a excitação das primeiras semanas não me deixava tempo para sentir, e muito menos para reflectir. Vivia para o momento, como se o futuro do meu bebé dependesse de cada minuto que passasse com ele.

Perdi a conta das noites mal dormidas, das fraldas recheadas, das roupas bolsadas e dos choros intermináveis. Mas jamais esquecerei os primeiros sorrisos, os olhares deslumbrados, os carinhos desajeitados e as primeiras grandes descobertas.

Agora, compreendo que ser mãe não mudou apenas a minha vida. Mudou, sobretudo, a minha perspectiva do mundo. Foi todo um novo universo que se abriu para mim, como se o trabalho de parto tivesse rompido a camada protectora da minha alma.

Poderá parecer exagero. Não sei sequer se outras mães sentiram o mesmo quando tiveram o seu primeiro filho. Mas sei que me senti deslumbrada por cada olhar, cada sorriso, cada gesto do meu rebento. Como se em cada progresso dele eu revivesse o caminho que percorri quando vim a este mundo. Como se também eu tivesse nascido de novo.


Na falta de vídeos do meu próprio desenvolvimento, e perante umas poucas fotografias dos primeiros meses, dei por mim estreitanto laços com a família em busca dos segredos da minha infância. Como se a criança que eu fui um dia encerrasse a solução para todos mistérios que agora vão dando corpo ao meu filho.

Comecei por pensar que a minha meninice me poderia ajudar a ser uma melhor mãe. Mas sei que por mais que busque a essência de mim, não será suficiente para entrar na essência do meu filho. Terei, primeiro, que sentir o passar do tempo e acompanhar a descoberta do mundo pelo seu olhar. Só então poderei perceber que a sua essência é para ser amada e não apenas compreendida. Tal como a essência do mundo é para ser vivida e não apenas descodificada.

Entretanto, vou continuar a usar os olhos do meu bebé para olhar o mundo pela primeira vez. Tenho a certeza que vou aprender mais do que imagino.»

Lídia Bulcão, in Jornal dos Açores, de 19 de Setembro de 2006

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Eu li...

... um delicioso artigo de João Ferreirinho, no Diário Económico, que recomendo especialmente a quem tem por hábito dizer “Eu não li, mas...”.

É só clicar em...
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico
/opinion/columnistas/pt/desarrollo/689518.html

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

11 de Setembro

Um post em memória das vitimas americanas do 11/9; um post em memória das vítimas dos amercinos; um post de pesar pela existência de um senhor chamado Bush Jr; um post de pesar por outro senhor que habita no nº10 de Downing Street; um post de raiva pela confusão em que estes senhores transformaram o mundo pós atentados ás torres gémeas....um post de pesar para mim, para ti, para todos que tem de viver neste mundo sem lei, sem coração, sem amor e sem paz.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

O Doce das Palavras

Já nem me lembro a última vez em que me sentei em frente do computador, com uma “folha” em branco e comecei a escrever. Durante muito tempo tinha como obrigação semanal escrever uma pequena crónica, que com o tempo se transformou num fardo bastante pesado e que me fez perder a paixão pelas palavras.
Não sei bem porque fiquei com esta fobia, stress de arranjar todas as semanas um tema novo, manter prazos quando se está com trabalho até “á ponta dos cabelos”, ou simplesmente, porque não tinha NADA para dizer.
Durante bastante tempo senti isso...não restava nada para dizer!
A minha voz desapareceu debaixo de uma tonelada de coisas que me ocuparam a mente e o coração durante anos.
Hoje não quero escrever sobre nada em concreto....(não me vá voltar a fobia) mas quero dizer que recuperei a voz, o bichinho de escrever e o amor ao som mágico das teclas enquanto escrevo.
A vida é uma coisa engraçada, neste blog de bravas amigas voltei a encontrar o doce das palavras.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Refilanço

Venho por este meio refilar bem alto........NINGUÉM ME DEU OS PARABÉNS NO GADO!!!! sniff, sniff, sniff!!!
Provavelmente não me posso queixar, porque eu também nestes últimos meses deixei o pasto ao abandono...com a desculpa de sempre...trabalho!! A verdade é sinto falta do nosso pasto, das nossas conversas, das piadinhas certeiras e ao ler o post da elbravinha sobre a amizade apercebi-me que este blog alimenta amizades e cria amizades.
A todas e em especial ao pasto, as minhas desculpas pelo abandono desta vaca desnaturada.
Que o futuro (e o tempo mais frio) traga mais posts, mais amizade e novos elementos ao pasto.
Beijos grandes para todos.

Cardigos e as brincadeiras de Deus

Depois de aqui ter deixado o post sobre a nomeação de Frederico Cardigos para director regional do Ambiente, entrei na página do DOP e comecei a ler o Diário de Bordo da expedição MoMareto, que terminou dia 5 com a chegada ao Faial. Dei de caras com um post assinado pelo ainda investigador, intitulado "As despedidas começam". Por ter um oportuno duplo sentido e uma profundidade interessante, deixo aqui a transcrição das suas palavras.

«Dei por mim a dormir em trechos de três horas (vários por noite) desde há mais de uma semana. As noites são interrompidas pelos quartos ou pelas manipulações. Durante o dia, não resisto às impecavelmente confeccionadas refeições, a dar um "coup de main" à Inês nas suas amostragens ou a bisbilhotar os seres fantásticos que o biólogo Patrick Briand vai processando no laboratório. Esta actividade, misturada com os produtos químicos que utilizamos, tem produzidos efeitos semi-alucinogénicos engraçados. Por exemplo, hoje, ao olhar para as imagens das fontes hidrotermais de grande profundidade (o Rainbow em particular), dei por mim a pensar na criação da Terra. Achei que Deus devia estar a brincar com as linhas direitas e as linhas tortas e ainda não sabia bem o que lhes fazer. Finalmente, criou a terra, os rios, o mar, depois as regras que mais tarde vieram, através da evolução, dar nas plantas e nos animais. Ao olhar para a criação ficou contente, mas não sabia o que fazer com as aqueles traços iniciais, que não se ajustavam, de forma alguma, à realidade e organização terrestre. "Sendo assim", poderá ter pensado Deus, "vou colocá-las onde ninguém veja, lá bem no fundo do mar". Agora, nós damos por nós a olhar para estas estruturas, a tentar interpretá-las, a tentar dar-lhe uma coerência ou sequência que não têm nem podem ter. São apenas as brincadeiras de Deus.»

Frederico Cardigos, 3/09/2006
in "Diário de Bordo da expedição MoMareto

O homem certo!

Frederico Cardigos vai substituir Eduardo Carqueijeiro na Direcção Regional do Ambiente a partir de meados deste mês. Investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, Cardigos é um conceituado investigador, com reputação nacional e internacional. Mas esta descrição seria muito parca para descrever o homem por detrás no nome. Quem priva de perto com ele sabe que é um trabalhador incansável e de uma eficácia extrema. Mas não só. Tem ideias frescas, é atento aos pormenores e sabe olhar muito para além da ciência e do mar. A sua participação em projectos culturais como a Associação dos Amigos do Conservatório da Horta ou a fundação do jornal Tribuna das Ilhas são disso exemplo, já para não falar da sua ligação ao Clube Naval da Horta. Foi, portanto, com grande alegria que soube da sua nomeação para o cargo. Tenho a certeza que também aí será incansável!

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Para todas as bravas

A verdade é para se dizer: este pasto tem sido deixado ao abandono! Por todas as bravas, que se dizem com vidas muito ocupadas. Eu inclusivé! O nascimento do meu bezerrinho trocou-me a vida, é certo, mas já sinto falta de um pasto animado para trocar uns muuusss e dar umas marradas. Deixo portanto aqui um pedido às outras bravas: APAREÇAM!

E, entretanto, deixo-vos este poema de Vinicus de Moraes. Porque a distância e ausência não apagam as amizades dignas de tal nome.


«Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade
que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, pois que
permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto
o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e
o quanto minha vida depende de suas existências .
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes
dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão
incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não
declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de
como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu
equilíbrio vital, porque eles fazem parte
do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram
alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese,
dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu
egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me
alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando
daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda
furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo, falando comigo,
vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os
que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus
amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.»

Vinícius de Moraes

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Economia Bovina

CAPITALISMO IDEAL
Você tem duas vacas. Vende uma e compra um boi.Eles multiplicam-se, e a economia cresce.Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico!

CAPITALISMO AMERICANO
Você tem duas vacas.Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas.Fica surpreso quando ela morre.

CAPITALISMO JAPONÊS
Você tem duas vacas.Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamadosVaquimon e vende-os para o mundo inteiro.

CAPITALISMO BRITÂNICO
Você tem duas vacas.As duas são loucas.

CAPITALISMO HOLANDÊS
Você tem duas vacas.Elas vivem juntas, em união de facto, não gostam de bois e tá tudo bem.

CAPITALISMO ALEMÃO
Você tem duas vacas.Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.

CAPITALISMO RUSSO (sim, agora já existe!)
Você tem duas vacas.Conta-as e vê que tem cinco.Conta de novo e vê que tem 42.Conta de novo e vê que tem 12 vacas.Você pára de contar e abre outra garrafa de vodka.

CAPITALISMO ESPANHOL
Você tem muito orgulho em ter duas vacas.

CAPITALISMO BRASILEIRO
Você tem duas vacas.E reclama porque o seu rebanho não cresce...

CAPITALISMO HINDU
Você tem duas vacas.Ai de quem tocar nelas...

CAPITALISMO PORTUGUÊS
Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria O IVVA- Imposto deValor Vacuum Acrescentado. Um fiscal vem e multa-o, porque, embora você tenha pago correctamente o IVVA, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. O Ministério das Finanças, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas e para se livrar do sarilho, você dá a vaca que resta ao inspector das finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho...

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Toda a gente

Toda a gente critica o telemóvel do vizinho
Mas, no fundo, toda a gente queria ter um igualzinho
Toda a gente grita: todos diferentes todos iguais!
Mas, se calhar, há uns quantos bacanos a mais...
Toda a gente quer ser solidária
Mas, na hora da verdade, toda a gente desaparece da área!
Toda a gente quer ser muito moderna
Mas a tacanhez essa há-de ser eterna.
Toda a gente quer fazer algo de original,
Acabando por copiar aquilo que acham original;
Toda a gente repara se acabo duas frases da mesma maneira
(se for esse o caso, toda a gente caiu na ratoeira)
Apenas quero confirmar se estou a receber a devida atenção
Da parte de toda a gente que ouve esta canção
Toda a gente precisa de parar e relaxar um bocado
E eu, como toda a gente, já ‘tou stressado

Da Weasel

(e mai' nada!)

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Pétalas e Penas


Integrada nos Encontros de Porto Pim e organizada pela Direcção Regional do Ambiente, inaugura hoje, 19 de Maio pelas 19.30, no Castelo de S. Sebastião - Ecoteca do Faial, a exposição de fotografia Pétalas e Penas.
A Fauna e a Flora açoriana pela objectiva criativa de Carlos Ribeiro, Helder Fraga e João Melo.
Os Encontros de Porto Pim decorrem de 19 de Maio a 5 de Junho. Pode ver a programação de actividades na agenda da CMH.

Foto de Carlos Ribeiro

domingo, 14 de maio de 2006

Chocolate vale mais a pena??

- O chocolate não reclama por o comeres depressa ou devagar;
- Podes pedir chocolate directamente sem levares dois estalos;
- Podes comer chocolate à frente da tua mãe;
- Podes comer chocolate no carro sem que a polícia te chateie;
- Se a criançada te vir a comer chocolate, não te vai fazer perguntas constrangedoras;
- O chocolate é bom, mesmo quando amolece;
- Se o morderes com demasiada força, o chocolate não grita;
- O chocolate não deixa pêlos na boca;
- Não é preciso mentir para ter chocolate;
- O chocolate não quer saber se essa é a tua primeira vez;
- Um bom chocolate é fácil de encontrar;
- Nunca se é muito jovem nem muito velho para lhe dar uma trinca;
- Quanco comes, os vizinhos não ouvem (desculpe lá, D. Cremilde!);
- O tamanho do chocolate não equivale ao prazer proporcionado;
-O chocolate cheira sempre bem;
- Não dói comer chocolate pela primeira vez;
- Pode-se comer à vontade sem risco de engravidar;
- Não transmite doenças;
- Não é preciso usar protecção entre nós e ele;
- Não é preciso fazer intervalos entre chocolates;
- Depois de comer, seria perda de tempo e figura de urso abraçar a embalagem.

Façam o que vos apetecer, mas por amor dos anjinhos... Não façam dieta! ;)

sexta-feira, 5 de maio de 2006

How Lucky Are You?

Your Luck Quotient: 90%

You have an extremely high luck quotient.
Not only do you consider yourself lucky, probably everyone you know does too.
But you're smart enough to know that you've mostly made your own luck.
By being positive, open, and flexible, a lot of luck has come your way!

terça-feira, 2 de maio de 2006

monoTONE

"antes de saíres para o trabalho, arrumas à pressa o dia anterior
para debaixo da cama.
guardas o coração ainda adormecido bem dentro do teu corpo
e esqueces essa canção que já não passa na rádio
mas que vive secretamente dentro de ti.
fechas a porta à chave com duas voltas e sais.
os teus passos na escada fria soam ligeiros e apagam-se,
perde-se o rasto, easy listening,
guardas tudo para ti como um ex-dj...
assim partes, quase a correr.
parada junto à passadeira, protegida num gesto ledo
fixas o olhar na sombra dos carros que passam.
esperas pelo sábado,
pelo feriado e suas pontes,
pelas férias para ouvires as tuas canções.
sentes-te longe, silenciosa de luz."

Aposto que não fui a única deste pasto a ir ao concerto dos NAIFA no Teatro Faialense e também aposto que não fui a única a achar que valeu mesmo a pena! ;)

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Eram "gandas vacas" mas nós fomos melhores

Isto tem andado mesmo bem paradinho.....nem uma menção ao nosso Sporting da Horta!!!!!

O jogo de sábado foi um daqueles momentos inesqueçiveis...pavilhão a abarrotar pelas costuras....um tempo lindo de morrer lá fora e um Sporting com ar de campeão!!!!
Isto sem falar no meu rico PORTO, PORTO,PORTO que se sagrou campeão nacional....e de strip-tease (isto aqui é para outro post)!!!
A verdade é que fui para o jogo com uma ansiedade tremenda....os tipos da Roménia tinham fama de serem muito bons e depois de lá chegar ainda fiquei pior!!!
Não é que os gajos eram umas auténticas "vacas" - atenção que aqui vaca é usado com sentido depreciativo e não como "irmãs" deste verdejante pasto!
Eram enormes!!!!Gigantescos!!!E malcriados como as mãezinhas deles!!O n.º 13 ainda me dá pesadelos.
A moral da historia acabou por ser 26-21 a favor do Sporting com as vacas a discutirem no fim entre si...como "gandas vacas".

Espero que a diferença de 5 golos dê para nos safar-mos em Bucareste e que a Taça Challenge (lê-se xálange como me informou a nossa Suse Brava) venha para o Faial.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

O fim do tempo da vaca ?!

Dizem que o "tempo da vaca" nos Açores já acabou... Que foi um período rico, mas que já deu o que tinha a dar, como o tempo da planta tintureira e o tempo da laranja. Parece que todos esperam (sem fazer muito por isso, é certo) que chegue o tempo frutífero do turismo.
Pois, amiguinhas vacas, a julgar pela vossa letargia pachorrenta - e estamos na Primavera, iupppiii!, quem diria?! - qualquer pessoa diria que o "tempo da vaca" até já foi enterrado e teve missa de sétimo dia.
Que se passa, suas ruminantes preguiçosas?! Não me mandem a conversa do amor, por D-us, que hoje já ouvi muito palavrão! ;)

(Ah, sim! Eu estou a apontar o dedo - digo, o casco- a mim também... Mas eu passo um frio do caraças aqui no Canadá e tenho mais desculpa... humpf! )

Abraço e cuidado com a erva estragada. ;)

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Protesto!!!!!!!!!!!

Sei que ainda não fez uma semana que o bezerrinho Samuel chegou a este pasto, mas acho uma injustiça os papás não terem postado uma foto do dito cujo!!!
Meus queridos, as TIAS andam a desesperar sem uma foto desse louro lindissímo, que segundo relatos em primeira mão, é melhor que o Brad Pitt.
Por isso aqui fica o meu protesto pela falta de fotos do "piqueno" neste pasto.

Jinhos para a elbravinha e, Samuel por favor, diz aos papás bovinos para colocarem uma foto tua no pasto!

sábado, 1 de abril de 2006

SPOOOOOORTIIIIIIIIIIIIIIIINNNG!

Andebol

Sporting da Horta
vence BSV na Challenge


O Sporting Clube da Horta derrotou sábado passado, os suíços do BSV Bern Muri, na primeira mão das meias-finais de Taça Challenge, em andebol masculino, por 32-25.

E, hoje, sábado dia 1 de Abril, empataram 26-26 na Suiça com o BSV, o que nos dá... VITÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓRIA!

Parabéns! ;)

Homem de Cor??

quinta-feira, 30 de março de 2006

Nasceu o Samuel!!


Parabéns eLBravinha e respectivo pai touro, pelo vosso filhote!!
O miúdo maravilha nasceu agorinha mesmo, às 15.15 h e com 3.600 kg, um verdadeiro bezerrinho ;)
Muitos parabéns das tias todas, estamos muuuuuuuito contentes! :))
Beijos e abraços.

segunda-feira, 27 de março de 2006

Força Sporting da Horta!!!!

«O Sporting Clube da Horta derrotou sábado, nos Açores, os suíços do BSV Bern Muri, na primeira mão das meias-finais de Taça Challenge, por 32-25.

Contando com o apoio do seu público, que encheu por completo o Pavilhão da Horta, os açorianos entraram melhor no jogo e depressa conseguiram uma vantagem de três golos (5-2).

Os suíços não se deixaram intimidar e não só anularam, como conseguiram dar a volta ao resultado, estando a vencer, a meio da primeira parte, por 8-5.

Depois de um período de desconcentração, o Sporting da Horta voltou a imprimir um ritmo forte na partida e chegou ao intervalo a vencer com uma confortável vantagem de 17-12.

Com um início de segunda parte alucinante, os jogadores açorianos aumentaram ainda mais a sua vantagem e a meio do segundo tempo, estavam a vencer por uma diferença de 11 golos (26-15).

Os suíços do Bern Muri ultrapassaram o período de maior desacerto ofensivo e tentaram equilibrar o marcador, conseguindo reduzir para cinco golos de diferença (24-29).

A menos de 10 minutos do fim, o Sporting voltou a defender melhor e a atacar de forma mais organizada, acabando por vencer a partida por 32-25. Uma vantagem de sete golos que a equipa açoriana considera ser fundamental para assegurar a passagem à final desta competição europeia, quando jogar a segunda mão da meia-final, a 1 de Abril em Muri, na Suiça.»

in Record, de 26 de Março

Se o Sporting da Horta ganhar esta taça, acho que a ilha explode de contentamento. E nós com ela, claro!

FORÇA Sporting! Hoje e Sempre!!!

terça-feira, 21 de março de 2006

Parabens Touro sentado

Sei que o Touro não faz parte deste blog mas como costuma vir cá comentar achei por bem desejar-lhe um feliz aniversário....agora que está com 31 a caminho dos 40!!!!!!!!!!!!

Mas continuas lindo.....nem se nota as rugas nem os cabelos brancos.

Jinhos de Feliz Aniversário!!!!!

quinta-feira, 16 de março de 2006

Pelo menos não temos o Bush

American said: "We have George Bush, Stevie Wonder, Bob Hope, and Johnny Cash."
Portuguese said: "We have Jose Socrates, no wonder, no hope, and no cash."

Como não pode ser tudo mau.......sempre ficaram eles com o palerma do Bush.

terça-feira, 14 de março de 2006

Livros com gostinho açoriano...


Quem estiver por Lisboa hoje à tarde, faça o favor de passar pela "Ler Devagar", no Bairro Alto. Os autores são bons açorianos e a editora também. Portanto, apareçam!

Uma economia em franco estremecimento...

Algo de muito estranho se anda a passar no meio económico português. Durante meses e meses, falou-se de crise para aqui e para acolá, para acima e para baixo. Aparentemente, ninguém tinha dinheiro para nada...

Entretanto, o senhor "sei tudo sobre economia" ganhou as eleições presidenciais e o país estremeceu. O senhor "sou mais rico que vocês todos" aproveita e faz uma oferta para comprar a PT, que só por acaso é seis vezes maior do que a sua própria empresa. Os accionistas ainda não decidiram, mas o senhor "sei tudo sobre economia" já tomou posse do país, que continua a estremecer com forte intensidade.

Agora, foi a vez do senhor "sei tanto sobre a Opus Dei como sobre dinheiro" dizer que quer comprar o BPI, para aumentar o capital do grupo BCP. O anúncio ainda é fresquinho, mas não deve tardar nada a aparecer outra bomba nacional.

Perante tal cenário, não é difícil aos especialistas prever mais estremecimentos para breve. Provavelmente, numa empresa perto de si!

terça-feira, 7 de março de 2006

Parabens Flávia

A nossa "piquena" terminou o exame á ordem e agora já temos uma grande advogada no nosso pasto.
Muitos parabéns de todo o gado.

sábado, 4 de março de 2006

Concursos

A Câmara Municipal da Horta resolveu abrir concursos para:

Cartaz da Semana do Mar 2006
Logótipo da Semana do Mar
Mascote da Semana do Mar
Marcha oficial da Semana do Mar 2006

Senhores e senhoras jeitosos para as artes façam o favor de participar. Mais informações no blog da Semana do Mar da CMH.

sexta-feira, 3 de março de 2006

«Vidas naturalmente violentas»

«Um grupo de 14 jovens, com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos, é suspeito de ter espancado até à morte um sem-abrigo, travesti e toxicodependente. (...)

Enquanto analiso os pormenores, só consigo lembrar-me de personagens de ficção. Vagueio por entre os rostos e os crimes dos meninos do filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meireles, ou do livro “Capitães da Areia”, de Jorge Amado. Tento imaginar os rostos dos 14 adolescentes portugueses que se entregaram ao crime de forma tão natural quanto assustadora. E pergunto-me que vidas os terão levado a ser crianças tão violentas.

As notícias dizem que os jovens não queriam matar a vítima. Apenas dar-lhe uma lição. E que lição! Será, sem dúvida, uma daquelas que ficará para a vida. Mas para a vida de quem? Dos adolescentes? Dos responsáveis pela sua guarda? Do Estado que era suposto ajudar a recuperá-los e reinseri-los? Dos pais que não foram capazes de os educar e por isso perderam a sua guarda? Não sei, e duvido que alguém saiba. Mas facilmente imagino que estes 14 adolescentes se tenham limitado a repetir até à exaustão comportamentos que viram ou experimentaram ao longo da sua curta vida, fruto das lições que também alguém, um dia, lhes ensinou. (...)

Enquanto analiso este caso, vem-me à memória uma outra notícia, publicada esta semana no jornal Público sobre os “soldados que cresceram a brincar às guerras” em jogos de vídeo e que hoje estão «em batalha nos desertos e nas cidades do Iraque.

'Senti-me como se estivesse num jogo. Nem sequer me desconcertou responder aos disparos. Foi instinto natural. Boom! Boom! Boom! Boom!', contou ao Washington Post o sargento Sinque Swales, recordadando a primeira vez que disparou contra um inimigo, em Mosul". Esta descrição poderia ser entendida apenas como resultado de um treino militar, até porque os jogos de guerra foram incorporados na preparação dos soldados. Mas um estudo recente do Exército dos EUA deixa claro que para estes homens as teclas ‘Ctrl+Alt+Del’ são tão básicas como o ‘ABC’. (...)

Mais do que soldados bem treinados, são homens que vivem em função da guerra, passando os seus tempos livres a ver filmes sobre o tema ou a jogar em PlayStations e Xboxes que carregam para o Iraque como bagagem pessoal. O que fazem para se divertir só ajuda a tornar mais natural o acto de premir o gatilho e tirar a vida a um inimigo. Sem falhas de pontaria ou qualquer remorso na consciência.

Será exagero dizer que a sua naturalidade é semelhante às dos jovens portugueses que mataram um travesti à pancada? Não sei. Mas há, talvez, uma grande diferença. Os soldados foram criados com jogos que ensinam a disparar sem questionar, enquanto os jovens cresceram a aprender duras lições de vida. Provavelmente do mesmo género da que tentaram dar ao sem abrigo que mataram à pancada! »

Lídia Bulcão, in Jornal dos Açores, de 27/02/2006

Curto prazo é quando?

A gripe das aves já deixou de ser uma ameaça virtual na Europa há largas semanas, mas o Governo Açoriano parece que só agora acordou, a ver por esta notícia de ontem da Agência Lusa:

«O Governo açoriano vai promover a curto prazo uma reunião com as empresas estratégicas do arquipélago, públicas e privadas, para definir um plano de contingência a aplicar numa eventual pandemia originada pela gripe das aves.

A directora regional de Saúde, Maria Antónia Dutra, adiantou à agência Lusa que os planos público e privado serão estabelecidos "numa estimativa de que 25 por cento dos cerca de 240 mil habitantes das ilhas serão afectados".

Nessas circunstâncias, é necessário prever como vão funcionar os hospitais, estabelecimentos de ensino, comunicação social, serviços de fornecimento de energia, água, telefones e transportes públicos.

Maria Antónia Dutra sublinhou, porém, que "este cenário é pouco provável que se venha a verificar na região", mas alertou que "num mundo global, tudo pode acontecer".»

Pois pode! Não é preciso, nem devemos entrar em pânico. Mas a prevenção tem de ser feita. E é urgente que seja mais depressa do que "a curto prazo", expressão que deixa adivinha que ainda não há nada agendado...

domingo, 26 de fevereiro de 2006

Vitórias

E viva o nosso andebol do Sporting da Horta!
Já só falta o Benfica... :)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Para quem quer melhorar a "Semana do Mar"















A Câmara Municipal da Horta teve uma boa ideia: criou um blogue para discutir o futuro da Semana do Mar.

«Se pensas que a Semana do Mar está a perder fôlego e que está na hora de renovar, não te limites a criticar, dá-nos ideias concretas e reais do que pode ser melhorado, atendendo à população da ilha do Faial e aos seus visitantes nessa época, evitando comparações desmedidas com outras festas!»

Este é o desafio que se pode ler em http://semanadomar.blogspot.com/. Aproveitem para ir lá dar uma maozinha!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Não resisti....aqui vai mais uma poesia

Não resisti a dar mais poesia a este pasto.
Aqui junto uma das minhas poesias preferidas de todo o sempre....mesmo depois de um dia negro, de uma queda neste labirinto que é a vida há sempre uma estrela a guiar os nossos passos. Nem sempre seguros mas sempre em frente!!


ON THE BEACH AT NIGHT de Walt Whitman

On the beach at night,
Stands a child with her father,
Watching the east, the autumn sky.
Up through the darkness,

While ravening clouds, the burial clouds, in black masses spreading,
Lower sullen and fast athwart and down the sky,
Amid a transparent clear belt of ether yet left in the east,
Ascends large and calm the lord-star Jupiter,
And nigh at hand, only a very little above,
Swim the delicate sisters the Pleiades.


From the beach the child holding the hand of her father,
Those burial-clouds that lower victorious soon to devour all,
Watching, silently weeps.


Weep not, child,
Weep not, my darling,
With these kisses let me remove your tears,
The ravening clouds shall not long be victorious,
They shall not long possess the sky, they devour the stars only in apparition,
Jupiter shall emerge, be patient, watch again another night, the Pleiades shall emerge,
They are immortal, all those stars both silvery and golden shall shine out again,
The great stars and the little ones shall shine out again, they endure,
The vast immortal suns and the long-enduring pensive moons shall again shine.


Then dearest child mournest thou only for Jupiter?
Considerest thou alone the burial of the stars?


Something there is,
(With my lips soothing thee, adding I whisper,
I give thee the first suggestion, the problem and indirection,)
Something there is more immortal even than the stars,
(Many the burials, many the days and night, passing away,)
Something that shall endure longer even than lustrous Jupiter,
Longer than sun or any revolving satellite,
Or the radiant sisters the Pleiades.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Aquarela de Toquinho

Quem tiver tempo vá espreitar este site com esta musica maravilhosa de Toquinho!!!

http://www.laboratoriodedesenhos.com.br/aquarela.htm


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando contornando
A imensa curva norte sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul

Pinto um barco a vela branco navegando
é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América à outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faco chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá

«O peso dos instintos e das multidões»

«Fecho os olhos e ainda vejo aquela mulher que poderia ser minha tia-avó a calcorrear a sala do pub com mamas postiças e piadas brejeiras. Ainda sinto a euforia das vozes femininas alcoolicamente alteradas, reagindo ao fogo ateado por um stripper vestido de malabarista. E não esqueço o rosto da rapariga a quem nos tempos de liceu chamávamos rata de sacristia, perfeitamente deslumbrada perante o erotismo do espectáculo que os seus olhos viam.

Já se passaram dois anos sobre o dia em que vivi este cenário, mas ainda sinto a vergonha que experimentei ao perceber que aquele jantar era tudo menos um encontro de Amigas como o que eu esperava.

Alguns amigos já me tinham avisado que as mulheres ficavam loucas nesse dia, mas nunca pensei que fosse efectivamente assim. Na altura, estava fora das ilhas há nove anos e ansiava com saudade retomar a tradição de outros tempos. Só não esperava que esse dia parecesse um pesadelo de mau gosto.

Hoje, à luz da distância temporal e espacial, consigo finalmente escrever sobre o dia em que percebi que a tradição da Quinta-feira de Amigas havia sido mercantilizada da pior forma possível.

Poderá parecer caricato, mas a verdade é que senti mais o valor da amizade comemorando a tradição num qualquer recanto de Lisboa do que nos Açores, onde a partilha da intimidade com as amigas do peito deu lugar à partilha dos excessos com a multidão; onde as brincadeiras carnavalescas tradicionais deram lugar a uma curtição desmedida da noite; onde as amigas que passam o ano sem sair de casa se vingam dando asas à loucura insana, qual despedida de uma vida que não voltarão a viver.

Chamem-me conservadora se quiserem, mas ver mães e até avós perder a noção da realidade foi mais do que o meu coração conseguia aguentar. Decididamente, não fui feita para multidões e não gosto do que as multidões fazem aos homens e às mulheres de todos os dias.

Perante uma multidão, basta um click para que a euforia tome conta da massa e o descontrolo aconteça. A vivência açoriana do Dia das Amigas está a ser disso exemplo, mas não é o único. Os incidentes provocados na sequência da publicação de cartoons de Maomé ou os distúrbios que abalaram recentemente Paris podem entrar na mesma categoria.

Sei que é Carnaval e é suposto ninguém levar a mal, mas fiquei chocada com o comportamento das Amigas que festejam o seu dia trocando a amizade pela euforia de enlouquecerem sem que ninguém as chame à razão. Posso dizer mesmo que, apesar de ser católica convicta, fiquei mais chocada com o que vi entre as mulheres do que com as caricaturas de Deus que agora varrem a Internet em retaliação às de Maomé.

Ao contrário do que possa pensar quem ler estas linhas, a fé não me fez perder o sentido de humor. E conheço bem o valor da tolerância, tão fundamental quanto distinguir entre o bem e o mal. Mas por mais tolerante que seja, não consigo digerir bem certos excessos. Não percebo o porquê de se comemorar o Dia das Amigas com uma sessão de striptease, e ainda menos a necessidade de responder a uma caricatura ofensiva com actos de destruição e violência.

Talvez o mulherio pareça perder a noção do seu poder e use a loucura como forma de escape a uma vida demasiado reprimida. Talvez a multidão violenta descarregue a sua frustação naqueles que secretamente inveja. Talvez ambos sejam demasiado fracos para fugir ao peso da multidão. Mas nem uns nem outros podem dizer que não sabiam o que faziam ou que não tiveram noção do alcance dos seus actos.

Olho para estes acontecimentos tão distantes entre si, no espaço e nos protagonistas, com uma sombra no coração. Sinto que a natureza humana está muito longe da maturidade que o avanço das sociedades deveria ter permitido alcançar. Vejo que os instintos ainda são muito mais fortes do que a razão. E que, tal como nos animais, são demasiado fáceis de atiçar.»

Lídia Bulcão, in Jornal dos Açores de 13/02/2006

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

To my love on Valentine's Day

Em honra do meu santo e de todos os que amam.

Lullaby de W.H. Auden

Lay Your Sleeping head, my love,
Human on my faithless arm:
Time and fevers burn away
Individual beauty from
Thoughtful children,and the grave
Proves the child ephemeral:
But in my arms till break of day
Let the living creature lie,
Mortal, guilty, but to me
The entirely beautiful.

Soul and body have no bounds:
To lovers as they lie upon
Her tolerant enchanted slope
In their ordinary swoon,
Grave the vision Venus sends
Of supernatural sympathy,
Universal love and hope;
While an abstract insight wakes
Among the glaciers and the rocks
The hermit's carnal ecstasy,

Certainty, fidelity
On the stroke of midnight pass
Like vibrations of a bell
And fashionable madmen raise
Their pedantic boring cry:
Every farthing of the cost.
All the dreaded cards foretell.
Shall be paid, but from this night
Not a whisper, not a thought.
Not a kiss nor look be lost.

Beauty, midnight, vision dies:
Let the winds of dawn that blow
Softly round your dreaming head
Such a day of welcome show
Eye and knocking heart may bless,
Find our mortal world enough;
Noons of dryness find you fed
By the involuntary powers,
Nights of insult let you pass
Watched by every human love.

Nem o vento quer levar o CP Valour...


Será que alguém me pode explicar porque é que, MAIS DE DOIS MESES DEPOIS, o navio CP Valour ainda continua encalhado ao largo da Praia da Fajã, no Faial?

Tenho sido assídua frequentadora da página que o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores criou para acompanhar o desastre (www.horta.uac.pt/projectos/cp_valour) e tenho lido o que vai sendo publicado nos jornais regionais e nacionais, mas a verdade é que ainda não percebi porque é que o navio continua ali, cheio de contentores, à espera que o mar faça dele um brinquedo.

Todos dizem que é urgente resolver o problema, mas pouco se tem visto fazer para que seja efectivamente resolvido. E a culpa é de quem? Da Marinha? Do Governo Regional dos Açores? Do Governo da República? Da União Europeia? Não, a culpa não é de nenhuma destas entidades.

Pelos vistos, será do vento, que ainda não terminou a árdua tarefa que alguém esperava que ele já tivesse cumprido - destruir o navio e levar os seus pedaços aos quatro cantos do mundo...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Feliz Dia de Amigas!

Com distância ou sem distância, há tradições que a saudade não esquece. As amigas do coração não precisam destes dias para saber o quão importantes são na nossa vida. Mas é precisamente a essas que me apetece sempre enviar um Feliz Dia de Amigas!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Aposte neste "Jogo de Cartas"


O teatro parece estar a recuperar algum do fôlego de outros tempos no burgo faialense. Os grupos existentes são dinâmicos, tem vontade de fazer coisas novas e apostam na formação dos seus actores.

Um bom exemplo é o Teatro de Giz, que acabou de estrear uma nova peça. "Jogo de Cartas" está em cena no Teatro Faialense. Ainda não vi a peça, mas tenho ouvido dizer que vale a pena. Por isso, recomendo que a vejam. Afinal, cada um tem a sua própria sensibilidade e só depois de assitirem poderão formar opinião.

De qualquer modo, o Teatro de Giz já ganhou, por não ter esmorecido as vontades quando nem tudo eram rosas e nem sala de espectáculos em condições havia na ilha. Mas é bom ver que não perdeu a dinâmica!

IV Ciclo Agostiniano

A Faialentejo continua o seu bom trabalho em prol da divulgação cultural e filosófica, com a organização de mais um Ciclo Agostiniano. Deixo aqui o programa, a pedido da nossa Gado Bravo filósofa, para que os privilegiados que pastam em terras faialenses possam aproveitar. Como diz a organização, «faz toda a diferença a vossa participação neste Ciclo».

IV CICLO AGOSTINIANO - AÇORES "A DIFERENÇA"

FAIAL

10 DE FEVEREIRO DE 2006 (Sexta-Feira)
15:00 - Recepção dos convidados.

BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL DA HORTA
20:00 - Vamos falar de Agostinho da Silva:
- Apresentação do Livro "Agostinho da Silva. Uma antologia Temática e Cronológica", de Paulo Borges, edição de Âncora Editora;
- Apresentação do livro: "Agostinho e a Cultura Luso-Brasileira (actas doColóquio de 2004)", edição Âncora Editora;Leitura de textos;
- Relatos de acontecimentos da sua vida.

11 DE FEVEREIRO DE 2006 (Sábado)

POLIVALENTE DO CAPELO
09:45 - Abertura do IV Ciclo Agostiniano - Açores.
10:00 - Apresentação do livro de actas do III Ciclo.
10:15 - Conferência sobre A Diferença.
17:00 - Encerramento da Conferência.
21:00 - Leitura das Conclusões da Conferência.
21:30 - Noite Surpresa - ANAMAR ao vivo.

12 DE FEVEREIRO DE 2006 (Domingo)
09:45 - Visita à Ilha.

POLIVALENTE DO CAPELO
21:00 - Noite Regional, pelo Grupo Margens.

13 DE FEVEREIRO DE 2006 (Segunda-feira)

POLIVALENTE DO CAPELO
15:00 - Representação da Peça de Teatro "Liberdade de Pensar", texto deVoltaire, com tradução de Agostinho da Silva, pelo Grupo de Teatro emMovimento e encenação de Leandro Vale.
21:00 - Passagem do filme: "A vida e obra de Agostinho da Silva", de JoãoRodrigo Mattos e Silva.

DURANTE O CICLO

BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL DA HORTA
Exposições Bibliográfica e Fotobiográfica.
Feira do Livro.
Lugar de Cultura Elisa Cabral da Silva, 2006

Filmes faialenses premiados na "Macaquins"

«Os filmes "Amor de Mãe", de Cláudia Pito, Luís Carlos Vargas e Marlene Luna, e "Endocranium", de Paulo Neves, foram os vencedores dos prémios Escola dos Açores e Realizador dos Açores, respectivamente, da edição deste ano da mostra de cinema de animação de São Miguel "Macaquins".

"Amor de Mãe", produzido pela Escola Secundária Dr. Manuel de Arriaga, da Horta, e "Endocranium" (Ovarvídeo – Festival de Vídeo de Ovar 2005: Pré-Selecção do Júri), com Produção do Cineclube da Horta, foram premiados por um júri, composto por: Carlos Decq Mota, Director do Anima; Osvaldo Cabral, Director da RTP-Açores; Bernardo Cabral, Realizador; Carlos Miranda, Director do Cine-Solmar, e João Pedro Vaz de Medeiros, Professor e membro da MUU - Produções Culturais.

(...) A “Macaquins”, mostra de cinema de animação de São Miguel, organizada pela MUU – Produções Culturais, completou este ano a sua 4ª edição, impondo-se cada vez mais como um importante acontecimento cultural nos Açores, no âmbito do Cinema.»

in site do Cineclube da Horta (http://www.cineclube.org/art.php?artid=59)

«A propósito de Jornadas Turísticas»

«Foi precisamente o presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores que, para adiantar serviço, foi dizendo que dois dos principais problemas são a animação e as acessibilidades. Avançou ainda que a natureza fechada dos Açores e a pobreza da gastronomia são alguns dos factores a merecer particular atenção.

É aqui que entramos em desacordo, uma vez que (...) a gastronima açoriana, sem ser muito variada, chega bem para preencher um saboroso cardápio, se for confeccionada com a devida matéria-prima.

Se se consente que se sirva morcela acompanhada de batata frita e se lhe chama um prato típico é evidente que algo está muito mal e deve ser, além de evitado, seriamente reprimido. (...)

Qto à natureza fechada dos açorianos é bom não generalizar visto que os faialenses, embora não tenham o encanto nem o brilho intelectual de Lili Caneças, não se têm dado mal com o contacto que têm mantido com portugueses e estrangeiros que nos visitam ou mesmo se radicam cá. (...)

O que realmente parece faltar em algumas áreas é resumido numa palavra e essa palavra é profissionalismo, que com o tempo virá, mas que já tarda...»

António Ramos, in Tribuna das Ilhas de 3 de Fevereiro

Se isto é o que se diz antes das V Jornadas de Turismo dos Açores começarem, imagino o que se dirá durante o certame. Recomendo vivamente que alguém ofereça um livro de gastronomia açoriana ao Presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores (para os sabores faialenses, recomento "As Receitas da Isaura") e, já agora, uma visita guiada ao Peter's. Talvez ajude a evitar destroços demolidores como estes que o colunista do Tribuna das Ilhas refere.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Quando o chefe manda...

«O presidente do Governo açoriano afirmou que o endividamento da região constitui um "instrumento ao serviço do desenvolvimento" das ilhas, uma interpretação que admitiu ser diferente da do Tribunal de Contas.
"Este é um exemplo de como é possível ter uma opinião diferente da do Tribunal de Contas, sem cultivar a ilegalidade, nem uma rebelião em relação às directrizes que devemos acatar em matérias que são estritamente legais", salientou Carlos César, durante o plenário da Assembleia Regional.

Na discussão parlamentar sobre da Conta da Região referente a 2003, o presidente do executivo açoriano considerou que o endividamento, directo e indirecto, representa um instrumento com a finalidade de desenvolver as ilhas.
"Em todas as administrações, em todas as autarquias, em todos os países e a todos os níveis, fazem-se endividamentos por este mundo fora. Só não tem endividamento quem é caloteiro ou não tem capacidade para se endividar", sublinhou.»

in Lusa

Perante tão brilhante exemplo do nosso governante máximo, que mais pode o povo fazer senão correr ao banco para pedir mais um créditozinho. Afinal, ninguém gosta de ser chamado de caloteiro, nem tão pouco de pobretanas.

Com sorte, o crédito vai dar para pagar as férias do ano passado e as do próximo, deixando uns tostõeszinhos para pagar os juros do cartão de crédito...

terça-feira, 31 de janeiro de 2006

O Doente

- Bom dia, é da recepção? Eu gostaria de falar com alguém que me desse informações sobre um doente.
- Qual é o nome do doente?
- Chama-se Celso e está no quarto 302.
- Um momentinho, vou transferir a chamada para o sector de enfermagem...
- Bom dia, sou a enfermeira Lourdes. O que deseja?
- Gostaria de saber as condições clínicas do doente Celso do 302, por favor!
- Um minuto, vou localizar o médico de serviço.
- Aqui é o Dr. Carlos. Em que posso ser-lhe útil?
- Olá, Sr. doutor. Precisaria que alguém me informasse sobre o estado de saúde do Celso que está internado há três semanas no quarto 302.
- Ok, vou consultar a ficha do doente... Só um instante! Ora aqui está: ele alimentou-se bem hoje, a tensão arterial e a pulsação estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e vai ser retirado do monitor cardíaco amanhã. Continuando bem, o médico responsável dar-lhe-á alta em três dias.
- Ahhhh, graças a Deus! São notícias óptimas! Que alegria!
- Pelo seu entusiasmo, deve ser alguém muito próximo, certamente da
família?
- Não, sou o próprio Celso que telefona daqui do 302!!! É que todo o mundo entra e sai do quarto e ninguém me diz a ponta de um corno... só queria saber se estava melhor!!


(Chefe Gado Bravo, eu já sei que não devemos colocar anedotas aqui, mas isto demonstra tão bem o modo como somos tratadinhas em alguns Hospitais e vai picar tanto as Bravas enfermeiras que pus aqui só para elas me darem agora poderios de marradas verbais! eh eh eh! )

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Seduzida pela humidade

Apesar de estar longe das ilhas, tenho passado os últimos dias rodeada de humidade, que também aqui parece entranhada no clima. São as janelas que escorrem água, os carros embaciados durante a noite, as paredes com sombras que ameaçam ficar negras e até as névoas que baixam até ao nosso olhar.

Não fosse o cheiro a lenha que paira na atmosfera e o ar demasiado frio, até poderia pensar que o clima das ilhas está lá fora. Mas esta humidade não penetra nos ossos como a nossa. O cheiro é outro, mais forte, mas também mais leve.

De manhã, o sol já brilha forte, apesar de ainda fresco. Não há sombra do nevoeiro que me toldou a vista durante a noite. A humidade evaporou-se como que de repente e a vista para o rio, quase transformado em sapal, puxa-me para a realidade. O mar está longe. E a bruma das ilhas também.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

«A Invenção da Manhã»

Porque a autora deste conto, Carla Cook, é faialense e porque o significado das suas linhas é mais profundo do que as suas escassas páginas, deixo aqui alguns excertos de “A Invenção da Manhã”, que foi publicado na “Seixo Review”, uma revista de literatura e artes escrita em português, galego e inglês, publicada na Internet a partir do Canadá (www.seixoreview.com).

«É curioso como todos, sem excepção, maldizemos a vida e, todavia, nos agarramos a ela como naúfragos aos destroços de um barco.
(...)
Sei bem que a vida entediada das ilhas, o mormaço brumoso dos Invernos, a teia rodada dos dias sem fim que asfixiava... tudo isto fazia desejar aventura, uma fuga de espaço, talvez até de tempo, e não nego que eu personificava bem tudo isto. Eu fui, talvez, a mudança, onde nem o vento faltava de feição. E ela desejava, mais que tudo, navegar para longe.
(...)
Minha irmã Clara tinha, igualmente, um amor pouco comum pela ilha. Parecia extrair dela uma vitalidade essencial, compassava-se pelos seus ritmos como um animal nativo ou uma planta endémica.
(...)
Pareceu-me que, tal como eu, ela dava a vida inteira todos os dias, sem o saber, e sem pressa. Devagar e com sabor.
(...)
Julgar um homem é fácil. Todos são juízes, como todos são marinheiros mas não saberiam governar o barco em que navego. A sensação de desespero que se apodera de um homem que perde o controlo do seu leme não tem nome. Tudo parece absolutamente inútil, fenece num ápice, sentes-te tomado dum pavor de comparações e metáforas tolas. E eu já disse que sou um homem prático e que apanhei Clara como se apanha um flor – de sacão e sem ligar à seiva que escorria.»

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

A ressaca do abraço gigante

Sei que este é o meu primeiro post do ano no Gado Bravo, mas não me apetece entrar naquela onda desejar tudo aquilo que já vos desejaram. Primeiro, porque já ninguém se interessa. Segundo, porque o espírito festivo já não paira sobre mim. Prefiro, pois, citar o blog da Oficina de Artes e Ofícios de Avis:

"Dezembro é para mim um mês completamente anacrónico, porque foge aos meus parâmetros de tranquilidade mental e fisica. Não quero dizer com isto que seja mau. É diferente e muito cansativo."
in http://oficinartes.blogspot.com

Subscrevo inteiramento essa do "mês diferente" e "cansativo". Gosto muito de Dezembro, mas quando acaba apetece-me gritar "finalmente!" e depois "encerrar para balanço", como faz o comércio tradicional.

Em Dezembro, parece que temos de abraçar o mundo inteiro com os mesmos braços de sempre. E sempre a sorrir, como se fossemos a mulher-elástica dos "Incredibles". Mas por mais que estiquemos os braços, a verdade é que eles não chegam mesmo para todos e, ainda por cima, quase não sobram para nós, que acabamos exaustos e a precisar de férias.

Volvidos 11 dias do primeiro mês no ano, os meus braços ainda não voltaram ao normal, mas já consigo teclar com fúria. Não sei é se isso é bom sinal, ou mau...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

A Mulher de Porto Pim



António Tabucchi

Escritor italiano nascido em 1943, em Pisa. Tendo sido professor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Génova, foi director do Istituto Italiano di Cultura em Lisboa. Dedicado ao estudo da figura de Fernando Pessoa, produziu ensaios sobre este autor e traduziu obras suas. Paralelamente à sua actividade de pesquisa e crítica literária, tem criado uma notável obra como ficcionista, de onde se destacam Donna di Porto Pim (A Mulher de Porto Pim, 1983), Notturno Indiano (Nocturno Indiano, 1984), Piccoli Equivoci Senza Importanza (Pequenos Equívocos sem Importância, 1985) e Sostiene Pereira (Afirma Pereira, 1994). Esta última deu origem ao filme com o mesmo nome, realizado por Roberto Faenza e filmado em Portugal. Em 2001, um artigo que escreveu para o jornal fancês Le Monde e que foi traduzido pelo jornal espanhol El País (acerca da liberdade de expressão), fez com que António Tabucchi fosse galardoado com o Prémio de Liberdade de Expressão Josep Maria Llado, na Catalunha, em Espanha.

Aconselha-se a quem ainda não o leu.