quinta-feira, 31 de março de 2005

Ser Bom Professor

"Aulas más são aulas que os rapazes não querem ouvir. Mas então - poderia eu defender-me - que culpa temos nós de os rapazes serem barulhentos, desinquietos e desatentos? É verdade que, às vezes, a culpa não é nossa: é toda deles, a quem mais apetecia estar na rua que na escola. Mas para isso justamente é que serve o bom professor - e o meu drama resulta de que a mim só me interessa ser bom professor. Ser bom professor consiste em adivinhar a maneira de levar todos os alunos a estarem interessados; a não se lembrarem de que lá fora é melhor."

Sebastião da Gama, Diário

Deixo-me Ir Como Me Apraz

A ciência e a verdade podem residir em nós sem juízo, e este pode habitar-nos desacompanhado delas: o reconhecimento da própria ignorância é um dos mais belos e seguros testemunhos de juízo que conheço. Não tenho outro sargento para pôr em ordem os meus escritos além da fortuna. À medida que as divagações me ocorrem, eu as empilho; ora se atropelam em bando, ora se dispõem em fila. Quero que todos vejam o meu passo natural e simples, por irregular que ele seja. Deixo-me ir como me apraz, e estes não são assuntos que não seja permitido a um homem ignorar ou tratar de maneira ligeira e casual.
Bem que eu desejaria ter conhecimento mais perfeito das coisas, mas não quero comprá-lo por ser muito caro. O meu desejo é passar airada e não laborosiamente o tempo que me resta de vida. Bem nenhum existe que seja capaz de levar-me a quebrar a cabeça por ele, nem mesmo a ciência, por valiosa que seja. Não procuro nos livros senão alcançar prazer mediante um divertimento honesto, ou, se estudo, não busco senão a ciência que trata do conhecimento de nós próprios, e que me ensina a morrer e a viver bem.
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'

O Tempo

O tempo é a única prova segura de tudo. Não só é o crítico mais severo; é o crítico recto e preciso. Ninguém pode julgar do valor disto ou daquilo num momento, porque só o tempo o pode fazer. O tempo dar-lhe-á o valor que merece. (...)
Nunca se deixe enganar pelo calendário. O ano só tem os dias que sabe empregar bem. Uma pessoa pode ter num ano o valor de uma semana, enquanto outra tira o valor de um ano inteiro em uma semana.

Alfred Montapert, in 'A Suprema Filosofia do Homem'

quarta-feira, 30 de março de 2005

Jotas e jotinhas

Andava eu perdida no meio de jornais antigos e revistas ainda mais velhas, pesquisando para um trabalho que estou a preparar, quando deparei com um artigo muito pertinente intitulado “E depois de César e de Victor?”, onde se analisa o futuro da política nos Açores. O artigo foi publicado na revista Saber Açores há quase um ano, mas as palavras do jornalista João Paz (que já nem está a trabalhar na revista) continuam tão actuais como então. Vejam só.

Numa pequena caixa, intitulada «Os rodinhas do PSD», o jornalista escreve: «Um outro aspecto, é o facto de, após a geração de Victor Cruz, existir um enorme fosso com os actuais militantes da JSD. Nunca houve uma preocupação de harmonizar a diferença geracional, ao contrário do PS, que atenua esse salto com nomes de algumas personalidades que dão crédito ao projecto socialista».

No caso do Faial, isso é notório. Basta ver o caso dos ex-líderes da JS, João Castro, actual presidente da Câmara Municipal da Horta, e João Bettencourt, recém empossado deputado à Assembleia Regional. É verdade que nenhum dos dois chegou lá directamente por votação das urnas. Mas estavam nas listas e foram substituindo os mais velhos à medida que estes foram saindo, por motivos de saúde ou para voos mais altos.

Já no JSD do Faial, não vejo o mesmo acontecer. E nem posso dizer que é por falta de vontade dos próprios. Parece-me mais que é por vontade dos históricos, aqueles que de tão empedernidos não deixam ninguém fazer nada de novo, nem apresentar uma ideia que não vá de encontro às suas. Também aqui é mais ou menos como escrevia o João Paz, ao dizer que «na JSD/A não tem havido a preocupação de escolher líderes fortes (que os há), e de chamar à militância activa esses jovens, que se reduzem à velha actividade eleitoral de agitar e distribuir bandeiras, vestirem-se todos de igual para preencherem os fundos dos palcos nos comícios.»

As citações que aqui transcrevi (entre aspas, claro!), não passam de duas frases retiradas de uma revista velha. Mas depois de as ler fiquei com a certeza de afinal o problema não é só dos jovens faialenses. Afinal, a culpa é do partido que escolheram. O que só torna tudo mais assustador.

Mais do que isto, é notório que o afastamento dos jovens dos partidos não é um problema só do PSD. Tal como o afastamento das elites da política afecta todos os partidos, seja nos Açores ou no resto do país. E se o país não acordar a tempo, todos vamos sofrer com isso...

(Desculpa jotinha Brava, mas há verdades que não se podem esconder para sempre...)

Instinto Maternal

Uuups...!!!

segunda-feira, 28 de março de 2005

Do Agir

Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?
Fernando Pessoa in "Livro do Desassossego"

Pergunto-me várias vezes porque é que as pessoas insistem na adopção de comportamentos de risco mesmo quando bem informadas. São pais que levam filhos para a praia a horas da maior pujança do sol, alguns nem protector solar utilizam, são pais que comem na companhia dos filhos hambúrgueres como pequeno-almoço, são escolas que teimam em oferecer produtos prejudiciais à saúde e, (para não dizerem que só falo dos outros) sou eu que tomo aos dez cafés por dia e insisto em dormir cerca de 4/5 horas por noite em média. O que nos leva a fazer isto se muitos de nós nem somos tolos de todo?
Weinstein no seu livro “Reducing unrealistic optimism about ilness susceptibility” sugere que o que nos leva a ter estes comportamentos de risco é o optimismo irrealista o qual se baseia na errada percepção do risco e da susceptibilidade, ou seja, acreditamos que os outros têm mais probabilidades de contraírem doenças do que nós (e vivemos felizes a nos enganar, nadando num egocentrismo puro e... patético).
O autor sugere quatro factores cognitivos que contribuem para esta opção: a) a falta de experiência pessoal do problema; b) a crença que o problema é facilmente prevenido pela acção individual; c) a crença que se o problema não apareceu até agora, não irá aparecer no futuro; d) a crença de que o problema é pouco frequente.
Os indivíduos podem ser de um optimismo irrealista se, para avaliar o seu próprio risco, se centrarem nos aspectos em que agem bem (eu por exemplo digo que durmo 4 horas, mas, e apesar de serem poucas, durmo-as profundamente...), desta forma minimizam o erro que cometem conscientemente.

A Tradição do Ovo

Após uma longa ausência aqui vai um textozinho simpático, apesar de um pouco atrasado, acerca das tradições desta época.

O Ovo é um dos mais antigos símbolos da Páscoa.
Significa fertilidade e recomeço da vida. Alguns historiadores garantem que o costume de cozinhar e depois colorir ovos de galinha para depois presenteá-los surgiu entre os antigos egípcios, persas e algumas tribos germânicas.
Hoje atribui-se aos chineses o costume milenar de presentear parentes e amigos com ovos nas festas de primavera. Mas foram os reis e príncipes da Antiguidade que confeccionaram ovos de prata e ouro recobertos de pedras preciosas. O povo, sem recursos para tais luxos, manteve a tradição de presentear ovos de galinha confeccionados.

A Tradição do Coelho
No antigo Egipto, o coelho era o símbolo da fertilidade. Por ser um animal que apresenta condições de gerar grandes ninhadas, a imagem do coelho simboliza a capacidade da Igreja de produzir novos discípulos constantemente.

A Páscoa festeja-se em todo o mundo, mas nem sempre da mesma maneira e muitas vezes com significado diferente.

Na China - O "Ching-Ming" é uma festividade que ocorre na altura da Páscoa, onde são visitados os túmulos dos ancestrais e feitas oferendas, na forma de refeições e doces, para que estes fiquem satisfeitos com os seus descendentes.

Na Europa Central - Os festejos remontam aos antigos rituais pagãos do início da Primavera. A tradição da Páscoa inclui a oferta de amêndoas e a decoração de ovos cozidos com os quais são presenteados os familiares e amigos mais próximos. Também são feitas brincadeiras com ovos da Páscoa como, rolá-los ladeira abaixo, onde será vencedor aquele ovo que conseguir chegar mais longe sem partir.


Um beijinho a todas as bravas e bravos que frequentam o nosso querido blog! :o)

domingo, 27 de março de 2005

Páscoa Feliz

Só para vos desejar uma Páscoa Feliz! E afoguem-se em chocolates e amêndoas... Beijinhos

sábado, 26 de março de 2005

O Espaço Público

Vê-se que o espaço público falta cruelmente em Portugal. Quando há diálogo, nunca ou raramente ultrapassa as «opiniões» dos dois sujeitos bem personalizados (cara, nome, estatuto social) que se criticam mutuamente através das crónicas nos jornais respectivos (ou no mesmo jornal).
O «debate» é necessariamente «fulanizado», o que significa que a personalidade social dos interlocutores entra como uma mais-valia de sentido e de verdade no seu discurso. É uma espécie de argumento de autoridade invisível que pesa na discussão: se é X que o diz, com a sua inteligência, a sua cultura, o seu prestígio (de economista, de sociólogo, de catedrático, etc.), então as suas palavras enchem-se de uma força que não teriam se tivessem sido escritas por um x qualquer, desconhecido de todos. Mais: a condição de legitimação de um discurso é a sua passagem pelo plano do prestígio mediático - que, longe de dissolver o sujeito, o reforça e o enquista numa imagem «em carne e osso», subjectivando-o como o melhor, o mais competente, o que realmente merece estar no palco do mundo.
José Gil, in 'Portugal Hoje - O Medo de Existir'

sexta-feira, 25 de março de 2005

Ainda o Beijo


Ainda a propósito dos beijos, nesta época pascal e primaveril... Vejam o que nos dizem os nórdicos! Ah, o perfeccionismo sueco...

Alegoria dos Esclarecidos

Um - È isto.
Dois - Não. È aquilo.
...
Um - Acho que não è aquilo.
Dois - Bem, isto é que não è.
...
Um - Dooois...
Dois - Ummm...
...
Um - Doiszinho...
Dois - Unzinho...
...
Um - Twooo...
Dois - Oneee...
...
Um - E aqueloutro?
Dois - Se calhar...!
...
Um - Concordamos então?
Dois - Nem por isso.
...
Um - Afinal, de que é que estás a falar?
Dois - Não sei, e tu sabes?
...
Três - மழையில் நனைந்த
காற்றாய் காதலுடன்
என் மனம்வீசும் வாடைக்
காற்றில்பறக்கும்
...
Um - Epahh... Olha-me este carapau a discordar da gente!
Dois - Pôu'zé, um espertinho. 'Tá mal, 'tá mal...

quinta-feira, 24 de março de 2005

O Riso é o Melhor Indicador da Alma

Acho que, na maioria dos casos, quando uma pessoa se ri torna-se nojento olharmos para ela. Manifesta-se no riso das pessoas, na maioria das vezes, qualquer coisa de grosseiro que humilha a quem ri, embora essa pessoa quase nunca saiba que efeito o seu riso provoca. Tal como não sabe (ninguém sabe, aliás) a cara que faz quando dorme. Há quem mantenha no sono uma cara inteligente, mas outros há que, embora inteligentes, fazem uma cara tão estúpida a dormir que se torna ridícula. Não sei por que tal acontece, apenas quero salientar que a pessoa que ri, tal como a pessoa que dorme, não sabe a cara que faz. De uma maneira geral, há muitíssimas pessoas que não sabem rir. Aliás, isso não é coisa que se aprenda: é um dom, não se pode aperfeiçoar o riso. A não ser que nos reeduquemos interiormente, que nos desenvolvamos para melhor e que superemos os maus instintos do nosso carácter: então também o riso poderá possivelmente mudar para melhor. A pessoa manifesta no riso aquilo que é, é possível conhecermos num instante todos os seus segredos.
Mesmo o riso incontestavelmente inteligente é, às vezes, abominável. O riso exige em primeiro lugar sinceridade, mas onde está a sinceridade das pessoas? O riso exige a ausência de maldade, mas as pessoas, na maioria dos casos, riem com maldade. Um riso sincero e sem maldade é uma pura alegria, mas, nos tempos que correm, onde está a alegria? E poderão as pessoas ser alegres? A alegria é um dos mais reveladores traços humanos, basta a alegria para revelar as pessoas dos pés à cabeça. Por vezes não há meio de percebermos o carácter de uma pessoa, mas basta ela rir para lhe conhecermos o feitio como às palmas das nossas mãos. Só as pessoas desenvolvidas do modo mais elevado e feliz sabem ser contagiosamente alegres, de uma maneira irresistível e benévola. Não falo de desenvolvimento intelectual, mas de carácter, do homem como um todo. Portanto: se quiserdes compreender uma pessoa e conhecer-lhe a alma não presteis atenção à sua maneira de se calar, ou de falar, ou de chorar, ou de se emocionar com as ideias mais nobres, olhai antes para ela quando se ri. Ri-se bem - é boa pessoa. Observai depois todos os matizes: por exemplo, é preciso que o riso não pareça estúpido, por mais alegre e ingénuo que seja. Mal detecteis a mais pequena nota de estupidez num riso, ficai sabendo que a pessoa que assim ri é intelectualmente limitada, apesar de deitar cá para fora um sem-fim de ideias. Mesmo que o riso não seja estúpido, se vos parecer ridículo, nem que seja um pouquinho, ficai sabendo que não há na pessoa que o ri uma verdadeira dignidade, pelo menos uma dignidade suficiente. Por último, notai que, mesmo que um riso seja contagioso mas por qualquer razão vos pareça vulgar, também a natureza dessa pessoa é vulgar, que toda a nobreza e espírito sublime que tínheis visto nela ou são fingidos ou imitados inconscientemente, e que essa pessoa, no futuro, mudará inevitavelmente para pior, dedicar-se-á ao «útil», abandonando sem pena as ideias nobres como sendo erros e paixões da juventude. (...) Apenas entendo que o riso é a mais certeira prova da alma. Olhai para uma criança: só as crianças sabem rir com perfeição, por isso são fascinantes. É abominável a criança que chora, mas a que ri alegremente é um raio do paraíso, é o futuro do homem quando ele, finalmente, se tornar tão puro e ingénuo como uma criança.
Fiodor Dostoievski, in 'O Adolescente'

terça-feira, 22 de março de 2005

Ilhas de Bruma

Parece que finalmente estou de volta, e quero pedir desculpa pela ausência... Mas estou aqui para me redimir dos meus pecados bovinos! E já que esta é uma época de férias, de regresso a casa e à terrinha... e como há pessoas (como eu!) que não vão ter esse previlégio, deixo aqui a letra de uma música que sempre me deu saudades das ilhas...
" Ainda sinto os pés no terreno
Em que meus avós bailavam o "Pézinho"
A "Bela Aurora" e a "Sapateia"
É que nas veias corre-me basalto negro
E na lembrança vulcões e terramotos
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra...
Se no falar trago a dolência das ondas
O olhar é a doçura das lagoas
É que trago a ternura das hortências
No coração a ardência das caldeiras
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra
Trago o roxo, a saudade, esta amargura
Só o vento ecoa mundos na lonjura
Mas trago o mar imenso no meu peito
E tanto verde a indicar-me a esperança
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra
É que nas veias corre-me basalto negro
No coração a ardência das caldeiras
O mar imenso me enche a alma
Tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra..."

segunda-feira, 21 de março de 2005

Manifestação

Para que as Bravas continuem a Postar!

(A pedido da Caiê) :)

Grandes Questões dos Nossos Dias

Tenho de confessar: estas questões não são ideias minhas. Mandou-mas um familiar do estrangeiro e apenas a tradução se deve a mim. Vejam lá se não são algumas das penetrantes perguntas do nosso tempo!

1- Porque é que acreditamos que há 4 biliões de estrelas, mas temos sempre de verificar se foi "pintado de fresco"?
2- Porque é que pressionamos o comando com mais força quando as pilhas estão gastas?
3- Porque é que se usam agulhas esterilizadas para a pena de morte por injecção letal?
4- Porque é que, nos filmes, o Tarzan nunca tem barba?
5- Qual é a velocidade da escuridão?
6- Porque é que os pilotos kamikaze usam capacetes?
7- Há lugares de estacionamento marcados para pessoas "não-deficientes" nas Olimpíadas dos Para-Olímpicos?
8- Se a temperatura é de 0 graus hoje, e amanhã estará o dobro do frio... quantos graus estarão amanhã?
9- Se é verdade que estamos aqui para ajudar os outros, que estão os outros a fazer aqui?
10- Podemos chorar debaixo de água?
11- Porque dizemos "dormir como um bebé" quando todos sabemos que os bebés acordam de 2 em 2 horas?
12- Quando os surdos vão a tribunal, também se chama "audiência"?
13- Porque é que os executivos têm escritórios em sítios altos e compram binóculos depois para olhar pelas janelas?
14- Porque é que os médicos têm um biombo no consultório se nos vão ver nus de qualquer maneira?
15- Os casados vivem mais tempo ou só parece mais tempo?
16- Porque é que as pizzas redondas vêm em caixas quadradas?
17- Porque pusemos um homem na Lua antes de pôrmos rodas nas malas de viagem?

E a minha favorita... é linda:

18- Se o Homem evoluíu do macaco... Porque é que ainda há macacos???

domingo, 20 de março de 2005

Primavera

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen

Porque hoje é Dia do Pai...

Eu sei que hoje é aquele dia em que se devem dizer coisas lindas acerca dos nossos papás e dar-lhes uma prendinha. Aparecem reportagens levemente pirosas na TV e outras verdadeiramente emocionantes. Há cartazes que incitam ao consumismo nas perfumarias e lojas de quinquilharias. Há fotos lindas de bebés ao colo de pais, nas revistas, que levam às lágrimas.

Sou suspeita. Detesto "dias de". Porque raio se há-de comemorar coisas óbvias que merecem destaque todos os dias? A Criança, a Mulher, a Mãe, o Pai... são dias sem sentido, porque deles são todos os dias do ano. Isto para quem é criança, mulher, mãe e pai. Ou para quem merece a denominação. Porque como dizia uma colega minha da escola primária - que nunca mais esqueci - "Nem todos os pais são o melhor pai do mundo, sra professora!"

Na minha escola, chegado este dia, tínhamos de fazer postais para os pais. À mão. Grande dia para os artistas, e para os papás que receberiam as cartolinas tipo coração a dizer "Adoro-te; obrigada por tudo o que fizeste por mim; ao Pai mais amigo" e outros mimos. Todos o fazíamos. A verdade é que quase um terço da aula não tinha pai. Minto. Tinha um pai que não merecia cartão algum. Eram miúdos do internato, que tinham sido abandonados pela família, quase todos maltratados pelo pai antes do abandono ou da acção da assistente social, e com péssimas recordações do mesmo. Pais violentos, pais negligentes, pais psicóticos, pais abusadores. Havia mesmo um caso terrível, em que a minha colega chorava de cada vez que se falava no pai, porque tinha cicatrizes no corpo e muitas mais na alma.

Isto para dizer que o dia dos cartõezinhos que, religiosamente, todos éramos obrigados a fazer e decorar, era um pesadelo para 10 pessoas da sala. O meu apelo é só este - que se acabe com a hipocrisia atormentadora de fazer isto nas escolas. Quem tem pai e quer fazer, faz, e leve esta alegria ao seu pai, que bem merece! Há pais incríveis, que merecem o mundo. Beijos para eles! ... Mas quem não tem um pai merecedor de ser assim chamado... nunca deveria ser forçado a passar por esta tortura estúpida do bilhetinho escolar floreado a tinta e recortado, feito entre lágrimas, que só lhe lembra o que sofre, e que atira para o lixo quando sai da aula.

Dia feliz para todos os meninos!

sexta-feira, 18 de março de 2005

Os Perfumes

A nossa Brava e o seu Le Baiser de Klimt inspiraram-me os sentidos. Deixo-vos um excerto de "O Perfume" (da parte dos bons cheirinhos... eh eh eh) e fica aqui o convite para nestas más noites irem tirando parte das essências, dos incensos, dos sais, ... enquanto não chega a Primavera para podermos inspirar os aromas naturais - se bem que a pele é um aroma natural disponível toujours. Pronto, já me calei. Silêncio, e narizes ao alto!

"Este perfume tinha frescura; não era, porém, a frescura das limas ou das laranjas, a frescura da mirra ou da folha de canela, ou da hortelã ou das bétulas, [...] nem a de uma chuva de Maio, de um vento gelado ou da água de uma nascente... e continha simultaneamente calor; mas não um calor semelhante ao da bergamota, do cipreste ou do musgo, [...] nem ao de um bosqueado de rosas ou de ísis... Este perfume era uma mistura de ambos, do que passa e do que pesa; não uma mistura, mas uma unidade, e, além disso, humilde e fraco, e, no entanto, robusto e resistente como um pedaço de seda fina e brilhante... e, todavia, não como a seda, mas antes como o leite com mel onde se molha um biscoito, o que nem com a melhor das boas vontades se conjugava:leite e seda! Incompreensível este perfume, indescrítivel, impossível de classificar. [...] E, no entanto, ali estava com a mais absoluta das naturalidades. Grenouille seguiu-o com o coração angustiado, dado suspeitar que não era ele que ia atrás do perfume, mas o perfume que o tornara seu prisioneiro e o atraía nesse momento irresistivelmente até ele."

Patrick Suskind, O Perfume

Medidas... só à regua(da)


Álamo Meneses advoga que as medidas de curto prazo no sector educativo da Região passam pelo combate ao absentismo escolar. Ainda assim, o responsável refere que o Rendimento Mínimo Garantido tem dado um importante contributo para fazer diminuir o absentismo, já que se as crianças não forem à escola os pais perdem este subsídio social.
Oh filho, se não comeres a sopinha não comes o docinho!

quinta-feira, 17 de março de 2005

O Beijo


A troca dos sopros, a mescla das almas - o beijo que reconcilia a carne com o espírito num contrato sagrado através duma vertigem que é a completa perda do eu, o abandono de si.
Ao tornarem-se mensageiros do Amor, desposaram também todas as contradições, a ponto de já nem sempre sabermos se são sérios ou frívolos e se este halo de sensualidade de que se rodeiam é um perfume de eternidade ou um leve vapor. Nada mais sério que um beijo, seja. Mas nada mais volátil e também, nada de mais deliciosamente fugaz.

in História do Beijo, Gérald Cahen

quarta-feira, 16 de março de 2005

APAEF

Está formalizado! I'm IN.

Após difíceis e morosas conversações, para as quais nem o IRA teria paciência - e isto por causa do meu "caché", claro está - lá resolvi dar o braço a torcer, e dar o contributo com o meu invejável curriculum vitae a estes senhores.

Meus amigos, conhecidos e outros que aterrem aqui por azar (a estes, desde já as nossas desculpas), convido-vos a "botar o olho" de vez em quando na página da APAEF, e quem sabe... talvez até encontrem alguma coisa que vos interesse. É que nestas coisas das Filosofias muito se encontra, muito se pode encontrar e quem sabe... aprender :)

Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico.

Hoje...


...ando assim :)

terça-feira, 15 de março de 2005

Prostituição

(...) No seu quarto suburbano, frio, envolto num cheiro de difícil descrição, Marlene, contraditória, volta a desligar uma chamada no telemóvel. “Sabe, isto não é uma vida fácil. Hoje fiz cinco homens e não quero mais. Uma mulher, mesmo prostituta, não aguenta muito tempo tanta humilhação”, conclui com a angústia estampada nos olhos. (...)

in Correio da Manhã

É um artigo grande, mas peço-vos que o leiam.

Sentimento como substrato

Vocês dizem. É cansativo estar com crianças. E não há dúvida que têm razão. Depois acrescentam: porque temos de nos pôr ao nível delas, porque temos de nos baixar inclinar, curvar, tornar pequenos. Mas aí vocês estão enganados. O que mais cansa não é isso, o que mais cansa é sermos obrigados a elevarmo-nos até à altura dos seus sentimentos. A esticarmo-nos, a alongarmo-nos, a ficar nos bicos de pés. Para não as magoar.
Janusz Korczack

As crianças e os adolescentes dizem-nos aquilo que precisam a cada momento/etapa da sua existência/desenvolvimento, ao adulto “basta” sair do seu pedestal e descodificar a sua linguagem, ao invés de ter uma atitude “não automática” em relação aos dogmas que a educação traz de longa data a esta parte. “Basta” não se prenderem “obsessivamente” aos esquemas rígidos de educação que receberam (tipo “chapa 10”), ou que, ainda, não se deixem subjugar por recalcamentos de educações rigorosas sofridas. Sei que é difícil falar de educação sem nos referirmos à nossa, mas é urgente que a maioria de nós o faça. Alguém escreveu que “quando as relações com os nossos filhos são demasiado difíceis, é provável que a nossa biografia tenha alguma responsabilidade nisso e nesse caso é útil consultar um psicoterapeuta”.
A Educação sem emoção, sem sentimento é oca do seu objecto principal, “Imundar a criança” como diz Delfim dos Santos, significa dar-lhe um mundo, ao adulto cabe a responsabilidade de lhe dar o melhor mundo possível, para tal, as emoções e os sentimentos devem estar na “proa desse barco”. Ensinar a reagir face aos conflitos, falhanços, lutos, separações, decepções, provações, sucessos, reencontros, êxitos, é uma obrigação a que o adulto não pode fugir, seja na escola, na família ou nos clubes.
Do nosso leitor mais assíduo: Miguel Sousa in Educar para a Saúde

segunda-feira, 14 de março de 2005

Aperfeiçoamento

A estirpe herda-se e a virtude conquista-se, e a virtude vale por si só o que a estirpe não vale.
Cervantes

Ainda as há, mas a maior parte das Quixotices de estirpe já lá vão diluídas nos tempos aúreos das conveniências, porém a virtude será sempre intemporal.
A virtude é, como dizia Gide, o que de melhor os indivíduos podem obter de si próprios. Deverá ser praticada? Pois sim, não faz algum sentido admirá-la apenas. Devemos entender isto como?
Pelas palavras de Pascoaes:
O aperfeiçoamento da Humanidade depende do aperfeiçoamento de cada um dos indivíduos que a formam. Enquanto as partes não forem boas, o todo não pode ser bom. Os homens, na sua maioria, são ainda maus e é, por isso, que a sociedade enferma de tantos males. Não foi a sociedade que fez os homens; foram os homens que fizeram a sociedade. Quando os homens se tornarem bons, a sociedade tornar-se-á boa, sejam quais forem as bases políticas e económicas em que ela assente. Dizia um bispo francês que preferia um bom muçulmano a um mau cristão. Assim deve ser. As instituições aparecem com as virtudes ou com os defeitos dos homens que as representam.
Só me quero fazer entender sobre a parte importante que creio andar a faltar - ao desenvolvimento pessoal de cada um. Pode parecer superficialmente banal, mas é a base para tudo. Não vou desenvolver muito porque quero mesmo é criticar o pseudo-intelectualismo reinante. A mania de se mostrar que se sabe sem se saber. O entendimento sem conhecimento adoptados nos rodapés. As incoerências dos discursos. O culto à imagem e aos valores descartáveis. O utilitarismo dos interesses e o esgravatanço pelo poder.
Há quem saiba e há quem não saiba, há quem queira saber e há quem não lhe interesse saber coisíssima nenhuma, há quem procure e há quem não procure.
Devemos tolerar (está muito na moda dizer-se isto). Partilhamos o estatuto de igualdade e temos todos os mesmos direitos, mas somos todos diferentes e cada um faz o que quer à vida. A nossa acção não se reflecte nos outros, logo os outros não interessam. Somos governados por isso a culpa é sempre do sistema, nunca nossa. ETC, ETC, ETC, ETC. E depois de repente apanhamos todos com tudo e não percebemos porquê.
O que pensam vós caros leitores?

Dança e Contradança

Fui, na passada semana, a um dos dois espectáculos de ballet que aconteceram em PDL no Coliseu. Era uma ocasião única, não por ser a re-inauguração da casa, mas porque ballet clássico - sobretudo desta qualidade- não é o tipo de coisa que se vê nos Açores. Pode-nos calhar um espectáculo de dança moderna ou um pseudo clássico, de nível escolar, e já vamos com sorte... Wow, o Moscow Classical Ballet. Ok, não é a maior companhia russa, nem a segunda, mas sabemos com que linhas nos cosemos e que dinheiro temos, e é muito mais do que alguma vez apareceu aqui. Fui, e fui muito entusiasmada.
Os bailarinos não desiludiram - profissionais, firmes nos gestos técnicos, artísticos q.b. na expressão. Clap, clap, clap!!! O público... que vergonha. Em primeiro lugar, todos sabemos - e para quem não soubesse, uma alma caridosa fez o favor de escrever no verso do bilhete- que em espectáculos de ballet, ninguém entra depois de começar. É falta de respeito e perturba, não só quem vê mas a concentração dos artistas. Pois aqui, senhores, quando começou metade da sala estava por encher. Não porque estivessem para chegar... mas porque estavam no átrio a tirar fotos para as revistas sociais. Sim, todos sabemos; é importante ir a estes eventos para aparecer nas revistas A e B, junto de C e D.
Depois, no decurso da dança... um infernal barulho. Nem era murmúrio, era mesmo conversa pegada, tanto que me inteirei dos problemas de fígado de uma sra, das infidelidades de um sr e do último quadro de um conhecido artista da nossa praça. Sim, não julguem que quem fazia este barulho era o "povo". Não, era a nata da sociedade de PDL, o creme de la creme açoriano. E mais "Dioguinho, tá quieto, ou a mamã nunca mais te traz !"
Mas a cereja em cima do bolo veio da organização, quando a meio do ballet a música cessou. Parou, pura e simplesmente, e o bailarino - o que é o ballet sem música? - ficou à rasca, certamente pensando que vivia um pesadelo em terras de hereges incultos. E salta uma musiquinha pop, que felizmente durou breves segundos, após o que sobreveio o silêncio e depois, finalmente, arrancou "A Bela Adormecida" de novo.
Com tudo isto, no final, ainda havia quem julgasse ter visto "O Lago dos Cisnes", como ouvi dizer uma cultíssima sra (passa por o ser no nosso círculo). E assim andam os nossos Açores, cada vez mais ultra-periféricos, enquanto os nossos nouveau-riche forem heróis e houver quem ache que a sua rua é o mundo. Até à próxima, Bravas!

Boas Vindas


Bem vinda Caiê! :)

domingo, 13 de março de 2005

A Boa Disposição

A boa disposição é o grande lubrificante da roda da vida. Torna o trabalho mais leve, reduz as dificuldades e mitiga os infortúnios. A boa disposição dá um poder criador que os pessimistas não conseguem ter. Uma disposição alegre, esperançosa e optimista torna a vida mais suave, alivia a sua inevitável monotonia e amortece os solavancos da estrada da vida.

Alfred Montapert
in 'A Suprema Filosofia do Homem'

quinta-feira, 10 de março de 2005

Fayal Radical


...Sugestões para quem já anda a pensar nas suas bravas férias de Verão no Faial.

quarta-feira, 9 de março de 2005

Momento Zen III


*Porque temos uma imagem a manter neste blog*

A realidade por detrás da Eutanásia

Falar da Eutanásia, para muita gente, é mais ou menos a mesma coisa do que falar de aborto. Se se concorda com um, então também se concorda com o outro, e vice-versa. Durante muito tempo, também pensei assim. Contudo, a “realidade” tem se encarregue de me mostrar que são duas situações muito diferentes.

É muito fácil dizer que se é a favor ou contra a Eutanásia quando o acto em si não passa de um palavrão que parece distante. É muito fácil criticar quem quer a Eutanásia, sem olhar para a vida dessa pessoa. E, aí, tudo o que nós podemos dizer sobre o que se passa na cabeça de quem a pede só pode ser mera especulação, porque nenhum de nós consegue saber o que pensa uma pessoa que está perfeitamente consciente de tudo o que se passa à sua volta mas não o consegue exprimir.

Se é sempre possível apresentar outra solução a quem quer fazer um aborto, não se pode dizer que a opção oferecida a quem procura a Eutanásia seja uma questão de escolha livre. Nem tão pouco me parece que quem procura esta solução o faça de ânimo leve, ou sequer inconscientemente, como acontece a muitas adolescentes que procuram o aborto. Quem escolhe a Eutanásia não o faz porque está profundamente depressivo, nem tão pouco poderia resolver o seu problema se tomasse um Xanax ou um Prozac. Estamos a falar de gente que tem doenças fatais, que não têm cura, nem qualquer tratamento que faça a doença regredir, ou tão pouco que a impeça de progredir. Estamos a falar de gente que já está em fase terminal.

Não é por acaso que, na Holanda, duas das doenças que levam os pacientes a procurar a Eutanásia são a esclorose lateral amiotrófica ou a doença pulmonar obstrutiva crónica. Estamos a falar de pessoas que já sabem que vão morrer. É tudo uma questão de semanas, ou de meses. Mas, até lá, vão ter de ficar confinadas a uma cama, sem conseguir mexer qualquer membro do corpo, sem conseguir emitir qualquer som que se perceba, sem conseguir mastigar ou engolir, sendo alimentadas através de sondas e respirando através de máquinas, mas em grande sofrimento e com plena consciência do que está a acontecer com elas.

A única opção que resta a esta gente é ver a vida prolongada sem que a possam viver minimamente. Por muito que tenham uma família fantásica, sempre presente e positiva, bem como cuidados médicos espantosos, a vida não vai melhorar nunca, nem o sofrimento acabar ou sequer diminuir. Mas será que isso é motivo para escolher avançar com a Eutanásia? Não sei! Mas será que alguém que não esteja nessa situação poderá ser capaz de saber? Duvido!

Sei apenas que não podemos generalizar as coisas. Sei que o perigo de uma lei que autorize a prática livre da Eutanásia é precisamente esse, portanto, prefiro nem sequer levar a discussão por esse caminho.

Também sei que tem uma opinião já formada sobre o assunto, dificilmente a vai mudar, por muito que leia ou investigue sobre o assunto. Pelo menos, até que um dia a doença lhe chegue. Ou chegue a alguém que lhe seja demasiado querido. Nesse dia, se calhar mudam!

A mim aconteceu-me no dia em que diagnosticaram uma Esclerose Lateral Amiotrófica à pessoa que me trouxe a este mundo. Não posso dizer que mudei de opinião sobre a Eutanásia quando isso aconteceu. No meu caso, deixei apenas de ter certezas. E no dia em que essa fase terminal chegar, não sei o que pensarei. Mas tenho a certeza de que por mais que eu esteja a sofrer, nem sequer conseguirei imaginar o que ela estará a sentir. E esse é o problema que a discussão sobre a Eutánasia deixa de fora na maior parte dos casos!

terça-feira, 8 de março de 2005

A vontade é que faz o milagre

As palavras que se seguem abaixo não são novas. Escrevi-as há um ano, mas parecem-me tão actuais, que resolvi deixá-las aqui, para voltar a lembrar que não há dias que façam milagres.

Sou mulher, mas nunca fui feminista. Nunca aceitei que uma mulher progredisse na carreira mais depressa só por ser mulher. Nunca defendi o acesso privilegiado das mulheres ao poder. Nunca achei que por ser mulher valia mais do que um homem.
No entanto, também nunca aceitei que as mulheres fossem discriminadas pela sociedade. Nem que fossem prejudicadas na carreira. Nem que fossem preteridas em favor de homens com menor capacidade. Nem que fossem privadas de liberdade de escolha.

Longe vão os tempos em que as mulheres eram um acessório que se tinha lá em casa. Hoje, já lhes é reconhecida competência e profissionalismo. Às vezes, falta é vontade de ir à luta para chegar mais além. Seja no trabalho, no desporto, na política, na religião, ou até mesmo na maternidade, na família e no lar. Mas aí, não há Dia Internacional da Mulher que faça milagres!

Acredito que cada um, homem ou mulher, vale por aquilo que é, o que significa que deve lutar por aquilo que merece e por aquilo que acha justo. Mas ninguém disse que a luta é fácil. E a sorte não cai do céu!

O maior defeito das mulheres

Quando Deus fez a mulher, já estava a trabalhar há seis dias consecutivos.
Apareceu um anjo que lhe perguntou: "Deus, porque estás a perder tanto tempo com esta criação?"
Ao que Deus respondeu: "Já viste a minha lista de especificações para este projecto? Ela tem que ser completamente lavável, mas sem ser de plástico, tem mais de 200 partes móveis, todas substituíveis, e é capaz de sobreviver à base de coca-cola light e restos de comida, tem um colo capaz de segurar em quatro crianças ao mesmo tempo, tem um beijo capaz de curar qualquer coisa desde um arranhão no joelho a um coração ferido e faz isto tudo apenas com duas mãos."
O anjo ficou estupefacto com estas especificações. "Só duas mãos!?
Impossível! E esse é apenas o modelo normal? É muito trabalho só para um dia. É melhor acabares só amanhã.
"
"Nem pensar", protestou Deus. "Estou quase a acabar esta criação que me é tão querida. Ela já é capaz de se curar a si própria quando fica doente. E consegue trabalhar 18 horas por dia."
O anjo aproximou-se e tocou na mulher. "Mas fizeste-a tão macia e delicada, meu Deus".
"Sim, mas também pode ser muito resistente. Nem fazes ideia o que ela pode fazer e aguentar."
"E ela vai ser capaz de pensar?" perguntou o anjo.
"Não só é capaz de pensar como é capaz de negociar e convencer"
O anjo então reparou num pormenor e tocou na cara da mulher.
"Ups, parece que tens uma fuga neste modelo. Eu disse-te que estavas a tentar fazer demais numa criatura só."
"Isso não é uma fuga, é uma lágrima."
"E para que é que isso serve?" perguntou o anjo.
"A lágrima é o seu modo de exprimir alegria, pena, dor, desilusão, amor, solidão, luto e orgulho."
O anjo estava impressionado."És um génio, Deus. Pensaste em tudo."
E de facto as mulheres são verdadeiramente espantosas. Têm capacidades que surpreendem os homens. Carregam fardos e dificuldades, mas mantendo um clima de felicidade, amor e alegria. Sorriem quando querem gritar.
Prescindem de tudo para dar à família. Vão com um amigo assustado ao médico. Amam incondicionalmente. Choram quando os seus filhos são os melhores e aplaudem quando um amigo ganha um prémio. Ficam radiantes quando nasce um bébé ou quando alguém se casa. Ficam devastadas com a morte de alguém querido, mas mantêm a força além de todos os limites.
Sabem que um abraço e um beijo podem curar qualquer desgosto. Existem mulheres de todos os formatos, tamanhos e cores. Elas conduzem (bem ou mal), voam, andam e correm ou mandam e-mails só para mostrar que se preocupam contigo. O coração de uma mulher mantem este mundo a andar. Elas trazem alegria, esperança e amor. Dão apoio moral à sua família e amigos.
As mulheres tem coisas vitais a dizer e tudo para dar.

NO ENTANTO, EXISTE UM GRANDE DEFEITO NAS MULHERES: É QUE ELAS SE ESQUECEM CONSTANTEMENTE DO SEU VALOR.
PS para os homens: Este post não é de forma alguma feminista nem discriminatório. As mulheres são apenas diferentes em algumas coisas dos homens, e pretende-se por isso, exaltá-las nesse sentido (não querendo dizer que tb não haja homens assim, como mulheres que não o são). Pessoalmente não acredito em discriminações nem em emancipações (em países livres e de livre pensamento, claro está), acredito em autonomia, competência, mérito e performance. O resto para mim é cantiga.

Dia Internacional da Mulher

Cumprimentos a todas a vacas.

segunda-feira, 7 de março de 2005

Eutanásia

Prós e Contras - Hoje a não perder (E já vou tarde com o post) .

domingo, 6 de março de 2005

Faial


Para matar saudades.

sábado, 5 de março de 2005

O XVII Governo Constitucional

Ei-lo:
Primeiro-ministro - José Sócrates
Ministro da Presidência - Pedro Silva Pereira
Ministro de Estado e da Administração Interna -António Costa
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros - Diogo Freitas do Amaral
Ministro de Estado e das Finanças - Luís Campos Cunha
Ministro do Trabalho e da Segurança Social - Vieira da Silva
Ministro da Justiça - Alberto Costa
Ministro da Saúde - Correia de Campos
Ministro da Economia - Manuel Pinho
Ministro do Ensino Superior e Ciência - José Mariano Gago
Ministro da Educação - Mária de Lurdes Rodrigues
Ministra da Cultura - Isabel Pires de Lima
Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas - Jaime Silva
Ministro do Ambiente - Francisco Nunes Correia
Ministro das Obras Públicas - Mário Lino
Ministro da Defesa - Luís Amado
Ministro dos Assuntos Parlamentares - Augusto Santos Silva
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros - Jorge Lacão

... e pronto, agora é só esperar pela m....

Congresso da Cidadania

DIA 5 10H00 e 15H00 ( continuação )
ANFITEATRO C DA UNIVERSIDADE DOS AÇORES
PONTA DELGADA
Participação Cívica e Política na História e na Tradição Açorianas

CONFERENCISTA
Carlos Melo Bento
Participação Cívica e Política

CONFERENCISTAS
António Barbosa de Melo e Manuel Maria Carrilho

MODERADOR
Machado Pires

PAINEL DE DEBATE
» Fórum Açoriano de Cultura
» Associação dos Amigos dos Açores
» Carmo Rodeia
» Jorge Nascimento Cabral

sexta-feira, 4 de março de 2005

Chávenas cheias de vida

Depois de ler a receita do monge budista vietnamita, Thich Nhat Hanh, deu-me vontade de beber uma boa chávena de chá. Daquelas grandes e fumegantes, com cheiro de terra e sabor de mar, frutas das ervas mais puras e tranquilas que podemos encontrar nas nossas pastagens açorianas. Durante alguns segundos desfiei sensações, sabores, cheiros, memórias de muitas canecas de chá devoradas ao longo dos anos. Algumas com prazer, sem pressas nem desvios. Outras com tristeza, com preocupações e até sofrimento. Mas todas elas canecas cheias de vida. E a vida tem presente, passado e futuro, senão não seria vida.

Concordo com o que diz o monge quando receita que se viva o presente com a devida atenção, para não deixar passar o momento sem o ter vivido. Sempre defendi que o passado não traz felicidade. Contudo, também sei que é preciso olhar para ele de vez em quando, porque só assim tiramos algumas lições para o futuro. E isso também pode ser feito enquanto se saboreia uma chávena de chá, cujos sabores nos despertam muitas vezes para outros que em tempos vivemos, com tudo de bom e de mau que isso acarreta. Esse é o preço da vida. Um preço que vale a pena pagar!

Só a língua portuguesa é que é traiçoeira?

Outra à Bush.
Pede-se a atenção a Vossas Excelências para que tenham a bondade de levantar o som.

Momento Zen II

O monge e filósofo Budista Vietnamita, Thich Nhat Hanh, escreve sobre como apreciar uma boa chávena de chá.
"Temos que estar totalmente despertos no presente para apreciar o chá. Apenas com a consciência no presente, as nossas mãos podem sentir o agradável calor da chávena.
Apenas no presente podemos apreciar o aroma, sentir a doçura e saborear a delicadeza.
Se estamos a ruminar sobre o passado ou preocupados com o futuro, perdemos por completo a experiência de apreciar a chávena de chá. Olharemos para a chávena e o chá terá já terminado.
A vida é assim. Se não estamos totalmente no presente, quando olharmos à nossa volta esta terá desaparecido.
Teremos perdido a sensação, o aroma, a delicadeza e a beleza da Vida. Parecerá ter passado a correr por nós.
O passado terminou. Aprendamos com ele e deixemo-lo ir. O futuro ainda não está aqui.
Planeemos, sim, mas não gastemos o tempo a preocupar-nos com ele. A preocupação é uma perda de tempo.
Quando pararmos de ruminar sobre o que já aconteceu, quando pararmos de nos preocupar com o que poderá nunca vir a acontecer, então estaremos no momento presente. Só então começaremos a experimentar a alegria de viver..."

quinta-feira, 3 de março de 2005

Por outro lado...

...Há quem precise mesmo de tratamento.

Boas leituras


Para tratamento de substituição aos antidepressivos, o Gado Bravo aconselha um bom livro na companhia dum copo de leite.

quarta-feira, 2 de março de 2005

Consumo de antidepressivos aumentou 45% em cinco anos


Depois não se admirem de Portugal andar assim...

"O consumo de medicamentos antidepressivos aumentou 45% nos últimos cinco anos, pelo menos é o que revelam os dados fornecidos na terça-feira pelo Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) e divulgados esta quarta-feira pelo Público.
(...)De 2003 para 2004 a venda total de embalagens de medicamentos em farmácias subiu 2,5%, mas no subgrupo dos antidepressivos o crescimento ascendeu a 11% ( cerca de mais 627.467 caixas). (...)
Em declarações ao jornal, Carlos Lopes Pires, professor de Psicologia da Saúde na Universidade de Coimbra, considera o consumo de antidepressivos como «um problema de saúde pública»." in Diário Digital

terça-feira, 1 de março de 2005

Têtas para o stress


Porque ainda não chegaram ao mercado bovino as vacas insufláveis, aqui fica o anti-stress para os touros.