quinta-feira, 10 de maio de 2007

Olá!!!! Consegui, já cá estou dentro...demorei mas cheguei!!!

Até breve...

Bjks

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Volta Caiê!

Ainda não estou em mim! Fui dar uma espreita ao Mundo da Gata Preta e fiquei a olhar como parva para o letreiro com a palavra FIM. Será que vais mesmo privar-nos desse mundo felino, onde a realidade se confunde com a ficção? Espero que seja só um desabafo. Afinal, fins há muitos. E geralmente são apenas o princípio de outra coisa qualquer. Fico, portanto, à espera dessa qualquer outra coisa. Até já!

«Apagar o passado é desprezar o futuro»

«Algo vai mal na imprensa faialense. Muito mal mesmo, a ver pelos sucessivos encerramentos dos seus periódicos. Depois do centenário jornal “O Telégrafo”, foi agora a vez de “O Correio da Horta”, que imprimiu a sua última edição há pouco mais de um mês. Depois de décadas a disputarem os mesmos leitores, os dois históricos diários faialenses não resistiram ao raiar do novo século. Sinais da idade? Ou dos tempos?

O matutino “O Telégrafo” morreu com mais de 100 anos. Se fosse uma pessoa, poder-se-ia dizer que era uma bela idade para morrer. Mas sendo um jornal, é no mínimo preocupante pensar que se deixou morrer um título que durou mais de um século.

Já “O Correio da Horta” – o último vespertino que se publicava em Portugal – morreu aos 76 anos. É certo que ultrapassou a esperança de vida mínima em Portugal, mas podia ter tido muito mais anos pela frente.

Apesar da idade avançada, não podemos dizer que estes jornais pereceram de morte natural. Diz-se que a doença há muito os minava. À boca pequena, sempre ouvi falar que sofriam de “cancro” – de origem financeira, não operável. Mas será que este “cancro” não era tratável? Custa-me a crer na ausência de tratamentos fiáveis, ainda que algo dolorosos ou prolongados.

Em ambos os casos, alegou-se falência. Palavra forte, pesada, que geralmente implica encerramento imediato e sem retorno. Mas o que estará por detrás destas falências? A pergunta é minha, mas podia ser de qualquer faialense. Muito já a terão mesmo formulado, ainda que à boca pequena, na intimidade das suas casas ou por entre as mesas do café.

O que estará por detrás dessas falências, perguntava eu. Dívidas acumuladas? Má gestão? Fraca qualidade dos produtos? Falta de publicidade? Ausência de leitores? Excessso de concorrência? Falta de interesse da sociedade local?

Qualquer uma destas justificações seria suficiente para justificar o fecho de um jornal. Especialmente se uma delas se conjugar com outra, tão ou mais forte do que a primeira. Afinal, um jornal pode ter dívidas acumuladas porque houve falta de publicidade e má gestão. Ou porque houve excesso de concorrência e o produto não tinha qualidade suficiente. Ou porque havia má gestão e falta de leitores. Ou simplesmente porque a sociedade local não estava minimamente interessada em lê-lo.

Qualquer uma das combinações que enumerei é verosímil. Algumas podiam até ter justificado o encerramento de ambos os jornais há muitos anos. Então, porquê agora?

O fechar de um ciclo político podia ser a resposta, mas já muitos ciclos políticos se fecharam ao longo das últimas décadas e os dois jornais continuaram a existir. Podia dizer-se que a Igreja – proprietária de “O Correio da Horta” – perdeu poder, mas há muito que as igrejas açorianas se têm vindo a esvaziar e nem por isso o clero deixou de pregar a sua fé. Também podíamos pensar que as entidades locais deixaram de se preocupar com a sua terra, embora nunca o nível de preocupação (ainda que aparente) tenha sido tão alto. Resta então perguntar: o que falhou? A resposta podia ser simples. Podia, mas não é.

Tenho a certeza de que a sociedade faialense se preocupa mais do que nunca - com os seus filhos, com os seus negócios, com as suas propriedades, com a sua saúde, com o seu corpo, com a sua imagem. Preocupa-se tanto que se esqueceu do essencial: o futuro.

O encerramento dos jornais “O Telégrafo” e “O Correio da Horta” veio provar que os faialenses não dão importância à sua história. Como se nada fosse, deixaram morrer os jornais que ajudaram a construir a sua própria identidade. Desconfio mesmo que tenham dado a última machadada.

Dizem que o tempo se encarrega de tudo, mas não sei se a imprensa faialense recuperará sem mazelas destas duas mortes. O futuro foi desprezado por quem esqueceu o peso da história. E quem deixa apagar o passado é capaz de
tudo.»

Lídia Bulcão, in Tribuna das Ilhas de 30-03-2007