Sempre achei que as lapas tinham cheiro de mar. Talvez porque era o mar que me molhava quando, criança traquina, saltava de pedra em pedra para as apanhar, qual pescador destemido e cheio de trabalho. Ou talvez porque era a mar que me sabiam, quando as trincava ainda cruas, pouco depois de as arrancar das pedras onde momentos antes saltara.
Na altura, confesso que nem sequer gostava muito de as comer. Achava-as duras e fazia-me impressão ver os seus corninhos a mexer poucos antes de as meter na boca. Mas depois cresci e depressa aprendi a comê-las grelhadas com manteiga, bastante alho picado e massa de malagueta quanto baste. Depois, comecei a aventurar-me a saboreá-las cruas. Primeiro as pretas, mais tenrinhas, depois as brancas, mais bravas. Mas confesso que nada iguala o sabor das lapas mergulhadas no célebre “Molho Afonso”, uma receita tradicional do Faial quase em vias de extinção.
Aliás, as próprias lapas são já hoje, nos Açores, um petisco que está a desaparecer, fruto da apanha escessiva que já limpou as costas da maior parte das ilhas. O que me faz pensar que não deveria ter escrito um post sobre sobre as lapas enquanto delícias gastronómicas...
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39 comentários:
Este fim de semana, no Caniçal, Madeira, comi lapas quase até tirar a "barriga da miséria".
Lapa médias, muito fresca, barata (tal como por aqui vai para uns 10 ou 15 anos) num tasco à beira mar que primava pela simpatia e bem servir.
Para resumir; em três dias, fui do Funchal até lá duas vezes!
Até já me esquecia; o peixe estava também bom!
Ola!
Obrigada pela visita.
Decidi passar por cá...a tua sugestão fez-me curiosa.
Mas...n encontrei nada sobre a Casa da Música! A n ser que n te tenhas referido a ela!
Então estavas a referir a quê?
Bem, fico à espera. Gostei da temática do blog: um bocadito da tua vida...
Até breve
as lapas tb fazem parte da minha infancia e adolescência, lembro-me de as apanhar de mergulho nos mares da Madeira e come-las cruas, sem sequer meter no saco que levava amarrado à cintura...anos depois quando voltei às lapas de mergulho, a coisa mudou. As rochas que em tempos me permitiam trazer num só mergulho 4/5 lapas...estavam vazias. Ainda há lapas na Madeira, porque se restrige a pesca. O sabor da lapa fresca faz-me saudades de uma Madeira que há muito os madeirenses perderam.
Desculpem o saudosismo, mas o tema dá para isso. Curiosamente na minha terra não se deita a pasta de pimenta...come-se com manteiga alho e sumo de limão...eu prefiro-as cruas saidinhas do mar...aí o cheiro do mar leva-me a uma fase da minha vida que terei sempre saudades, fruto de ter sido vivda com intesidade e felicidade.
JPM devia ter experimentado as catanhetas grelhadas...são um piteu de primeira ordem
Guevara, já deve estar em arquivo sobre a Casa da Música, mas se procurares lá n' opovoebomtipo.blogspot.com logo encontras. O Vítor tinha uma boa explicação! Beijinhos. :)
Oh amiga elbravinha, longe vão os tempos em que abundavam no Faial. Agora só de mergulho e em S.Jorge. Na Fajã Sto Cristo, para quem gosta de lapas gigantes, há-as aos montes. Eu prefiro as pequeninas ou médias e grelhadas com a minha molhaca especial :) Cruas é que não entram aqui. Argh.
Cá em S.Miguel descobri um tasquedo do sr. alfredo (que não digo a ninguém) que as vende vivinhas da silva e vindas directamente das Flores.
A mim, lapas, lembram jantaradas ao fim de tarde, prolongadas e ao ar livre no verão depois dum dia bem passado. Ai que saudadinhas! Está quaseeee!
Miguel Sousa...
de facto não esperimentei as castanhetas grelhadas (nem sei se voçês chamam castanhetas ao mesmo tipo de peixe que nós - um pequeno peixe azulado ou acastanhado, muito bonito que que por aqui não se come. AINDA -), mas outro pitéu que conhecí foi "picado de espada"; pequenos pedaços de peixe espada (preto disseram-me), enrolado em ovo (tipo filete); uma maravilha.
Comia lapas cruas, assadas, fritas, com sal, sem sal, com pimenta, sem pimenta, vivas, mortas, moribundas, ressucitadas, com concha, sem concha, na praia, em casa. E também apanhava lapas para comer, às vezes no momento, outras vezes já em casa...
Hoje sou alérgico ao marisco :(
Na madeira , nada melhor que filetes de espada preto , uma imitações de lagosta que não me lembro o nome , as lapas e o simples e magnifico bolo do caco ... aiaiai que saudades meu deus , e esta claro uma brisa maracujá hihihihihi
Claro que Em Porto Santo os camaroes na grelha da Ti Maria são dinivais as contas é que nem por isso !!!!
Lapas do tamanho de um ovo de codorniz estrelado comi-as eu no Corvo há mais de dez anos ... alguidares delas, cruas, com limão.
Não cheiravam a mar, cheiravam a Oceano.
Quem quiser perceber o que é o Oceano, tem de ir ao Corvo em dia de vento ... os peixes até saltam para terra.
E eu que julgava que o "Afonso de Lapas" era uma receita da Terceira e que São Mateus era o melhor sítio para o comer ..... aprende-se até morrer com estas bravas faialenses.
Bolas Rodrigo! Tamanha foi a dose. :)
Na Madeira é a bela da espetada com o bolinho do caco e os cubinhos de milho frito (tenho a receita, se quiserem peçam-ma)! Mnham Mnham.
Carlos, em S.Mateus na Terceira tb não se fica nadinha atrás! Come-se muito bem naquele restaurante junto ao mar uns bons peixinhos frecos. Agora será que é o mesmo? O nosso é "Molho Afonso" esse é "Afonso de Lapas" - é um prato?
Caro JPM (não veja neste encurtamento do seu nome às iniciais qualquer sentido negativo) de facto lá como cá existe uma gastronomia rica...pena que não haja quem pegue nisso de forma séria e que valorize esse património. Sim as castanhetas são esses insignificantes peixes azuis que para nós tornam-se num manjar dos deuses (até pelo preço)...sugiro que quando forem `madeira vão a uma tasca na zona velha da cidade comer peixe...chama-se "Jaquet"...o tipo é horrivel como pessoa....mas come-se o melhor e mais saboroso peixe que alguma vez comi (olhe que não sou nada bairrista...)
Carlos Rilley...
ainda a propósito desta curta viagem; apesar de ausente da blogosfera, não estive, necessariamente, longe dos "bloguistas". Então não é que a revista de bordo da SATA nos "obriga" - uma obrigação agradável, diga-se de passagem - a manter contacto com autores habituais, no caso, tu e a Mariana.
Recomendei a leitura do teu texto ao meu filho (que recentemente esteve em Santa Catarina), para assim melhor entender algo que lhe tinha dito antes da ida em férias.
Só foi pena a última ilustração que colocaram no texto; sinceramente, NÃO HAVIA NECESSIDADE!
(Já viste a revista?)
João,
Sim, já vi. As ilustrações NÃO são da minha responsabilidade. Percebo perfeitamente o que é que te deixou com os cabelos em pé. Desta feita limitei-me a entregar o texto, mas para o número do Verão (passe a publicidade)publico outro em que, da primeira à última, as imagens foram todas escolhidas e passadas a pente fino. Espero que também gostes desse e cá fico à espera do teu olho vivo para as ilustrações. :)
Eu ainda não li a revista desde o Natal tb, fiquei cá de castigo na Páscoa :(
Leio brevemente. Mas as imagens tão uma miséria é? hehe. Se fosse comigo ía ficar pissed of.
Rodrigo, se eu soubesse que era alérgica ao marisco, suicidava-me... Estou a brincar, mas aposto contigo como eu não deixava de o comer...
http://lapas.blogspot.com/
Já agora manda vir a receita do bolo do caco e do pão frito! ;)
Só tenho a dos cubinhos de milho frito e fica bom! Bem me estiquei a pedir a do bolo do caco mas não serviu de nada :)
posso-te ajudar? eh eh eh eh
Se o Miguel tiver a receita do caco ajudava bastante!
Tudo começou há uns 7 anos. Devo ter comido um camarãozito, que, entre os 30 e tal que comi naquela noite, estava estragado.
Se fosse alérgico ao vinho tinto do Alentejo, ao queijo do Pico e ao pão do Nordestes, era bem pior.
Ai, valha-me Deus!!
É a Maresia com a sopa do Espirito Santos, és tu com as lapas, a Rita (Blogo-mania) com os bolos lêvedos e ainda termina com o Rodrigo de Sá a falar do queijo do Pico e do pão do Nordeste?!?!?!
VOCÊS QUEREM MATAR-ME DE FOME E DE SAUDADES!?!?!?
(BABO-ME...)
hihihi!
Beijos a todos
PS- E as Kimas? Ng fala das Kimas?!?
Como eu sou uma fixe, vou dar-vos a receita que tenho dos cubinhos, se calhar há outras, mas esta fica buena q.b.
Ing:
-alho
-couves
-farinha de milho
-sal
-segorelha (erva aromática)
Prep:
junta-se a litro e meio de água sal a gosto, alho picadinho e a segorelha. depois junta-se 1/2 kg de farinha de milho à água quando ela estiver mais ou menos morninha e mexe-se sempre até ferver.
junta-se as couves mesmo muito picaditas e deixa-se cozer em lume brando continuando a mexer durante o tempo necessário até cozer (depende da couve). ;)
tira-se do lume, põe-se em tabuleiros a arrefecer (várias horas de preferência). depois cortam-se cubinhos e fritam-se numa fritadeira.
ps: há quem ponha pimenta branca. fica ao gosto de cada um mas não convém descuidar a segorelha. é ela que dá o click.
não tenho mt jeito pa receitas escritas pq faço td a olhaco, por isso... vai como vai.
bjos. :)
Dinorah tb tenho a receita dos bolos levedos, hihih. Podes crer, isto só dá saudadecas mesmo.
As Kimas! Eu falo das Kimas! A melhor invenção micaelense de todos os tempos. Tem gás e eu evito bebidas com gás mas qd dá a vontade é kima, já se sabe!
Rodrigo não sei o que é pior, se o marisco, se o vinho, o queijo ou o pão do Nordeste... Mas numa frase te digo... Não queria estar na tua condição alérgica relativamente a alguma comida açoreana e, indo mais longe, portuguesa...
Dinorah, desculpa se te faço sentir fome e saudades das comidinhas cá da "casa"... Mas não consigo resistir falar bem da gastronomia açoriana...
Boa Gado, a Kima, a Kima... Que saudades quando não a tinha por perto... Realmente só damos valor às coisas quando não as temos... É uma pena que assim seja...
Beijinhos
essa receita do milho tem outras variantes como por exemplo:
- misturar torresmos cortados aos pedaços;
- meter favas;
pode ainda ser comido frio sem ser frito....eu adoro come-lo como o meu bisavo...frio, cheio de pimenta vermelhas....tipo sandes...hummm
já agora, tb temos a brisa maracujá, que para mim é identica á vossa kima...e uma variante semgaz, chamada brisol....humm
E ainda há quem tenha a lata de dizer que nas ilhas não se come bem! De certeza que não come à mesma mesa que nós...
Ai...
Claro que quero a receita dos bolos lêvedos!! Apesar das minhas faltas às aulas de culinária, vou meter mãos à obra assim que a receber!!
E por ora vou comer um pãozinho com "pina barra" vinda directamente dos Açores!
beijinhos
Miguel, obrigado pela partilha. Essa dos torresmos deve ficar bem boa! Eu tb prefiro comê-los depois de fritos e frios, ficam bons.
A Kima é que continuo a preferir a de cá, mas as vossas tb são boas.
elbravinha, cá come-se muito bem sim senhora, mas é em casa. Em matéria de restaurantes contam-se pelos dedos os que dou o meu aval.
Dinorah, ainda hoje segue a receita dos bolos levedos! Bjinhos!
Confesso que não consigo sentir diferença entre a kima e a brisa...mas deve ser falta de requinte do meu paladar (isto não é piada nem é azeites...é uma suspeita que tenho sobre mim mesmo). Hoje fui ao solmar e os tipos tinha espada e lapas fresca (tinham vindo da madeira e ainda cheiravam a mar).....comprei mas fico cego porque eles não sabem preparar a espada....pedi licença saltei para a peixaria, pedi uma saca tipo rede daquelas das semilhas (vossas batatas), e tirei a pele preta que deve ser tirada. Depois o gajo queria deitar a cabeça da espada fora....bom levou um grito..porque eu faço uma caldeira com ela que é digna dos deuses.....eu sei que fiz um escândalo lá...mas o jantar foi óptimo e acho que ensinei umas coisas a meia dúzia de pessoas....
Ah pois foi! Diabo de madeirense que me entrou por lá dentro! E não é que a espada fica mesmo melhor assim? eu e a minha maria já lhe demos tratamento hoje à janta!
Abraço ao Miguel!
já agora preparem a espada como se faz o escabeixe...fritem as postas e reguem com um molho de azeite e salsa....hummm
PS: (salve seja) quem tiver problemas com a coisa da saude façam-na grelhada..
conhecem algum local do "contenente" onde se possam degustar lapas e castanhetas ?
ouvi falar dum bar ou rest Amarelo mas não sei onde é
F vinagre
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