Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?
Fernando Pessoa in "Livro do Desassossego"Pergunto-me várias vezes porque é que as pessoas insistem na adopção de comportamentos de risco mesmo quando bem informadas. São pais que levam filhos para a praia a horas da maior pujança do sol, alguns nem protector solar utilizam, são pais que comem na companhia dos filhos hambúrgueres como pequeno-almoço, são escolas que teimam em oferecer produtos prejudiciais à saúde e, (para não dizerem que só falo dos outros) sou eu que tomo aos dez cafés por dia e insisto em dormir cerca de 4/5 horas por noite em média. O que nos leva a fazer isto se muitos de nós nem somos tolos de todo?
Weinstein no seu livro “Reducing unrealistic optimism about ilness susceptibility” sugere que o que nos leva a ter estes comportamentos de risco é o optimismo irrealista o qual se baseia na errada percepção do risco e da susceptibilidade, ou seja, acreditamos que os outros têm mais probabilidades de contraírem doenças do que nós (e vivemos felizes a nos enganar, nadando num egocentrismo puro e... patético).
O autor sugere quatro factores cognitivos que contribuem para esta opção: a) a falta de experiência pessoal do problema; b) a crença que o problema é facilmente prevenido pela acção individual; c) a crença que se o problema não apareceu até agora, não irá aparecer no futuro; d) a crença de que o problema é pouco frequente.
Os indivíduos podem ser de um optimismo irrealista se, para avaliar o seu próprio risco, se centrarem nos aspectos em que agem bem (eu por exemplo digo que durmo 4 horas, mas, e apesar de serem poucas, durmo-as profundamente...), desta forma minimizam o erro que cometem conscientemente.
O autor sugere quatro factores cognitivos que contribuem para esta opção: a) a falta de experiência pessoal do problema; b) a crença que o problema é facilmente prevenido pela acção individual; c) a crença que se o problema não apareceu até agora, não irá aparecer no futuro; d) a crença de que o problema é pouco frequente.
Os indivíduos podem ser de um optimismo irrealista se, para avaliar o seu próprio risco, se centrarem nos aspectos em que agem bem (eu por exemplo digo que durmo 4 horas, mas, e apesar de serem poucas, durmo-as profundamente...), desta forma minimizam o erro que cometem conscientemente.
7 comentários:
Penso bastante nisso do optimismo irrealista...Parece-me que os 4 factores sugeridos por Weinstein são realmente a fonte dos comportamentos de "risco" (embora a expressão possa ser forte em certos casos).
Também há o pessimismo irrealista... Já leu sobre esse? Eu creio que também muitos sofrem deste segundo mal.
Cara Caiê, antes do nosso D. Juan da Política ter "descido" a 1º Ministro já havia a noção do contraditorio, logo deve existir quem tenha escrito sobre o pessimismo irrealista (prometo que irei procurar algo acerca do assunto). Enquadrando a questão na Teoria da atribuição que parte do pressuposto que o indíviduo está motivado para atribuir a causa/responsabilidade a alguém ou a ele próprio já que vê o mundo social previsivel e controlável, devemos colcoar a hipotese real do péssimismo irrealista.
A minha pesquisa está estrtitamente enquadrada nos meus objectivos de carreiro...daí que ande a estudar essas coisas e tento partilhar com quem tem pachorra de me aturar...
Entender o contraditório parece-me que passe por um pessimismo realista.
Explico: Se falarmos em pessimismo "irrealista" remetemos os sujeitos para o mesmo campo do optimismo "irrealista" mas para outro estado de espírito sobre uma realidade que supostamente não existe ou não tem explicação. A conclusão neste assunto em particular seria aproximadamente a mesma do que na teoria de Weinstein.
Miguel, nós temos "pachorra"
Gado Bravo: Agradeço a pachorra antes de tudo. Obviamente que tens razão, contudo eu entendi tanto o autor como a amiga Caie. Levar o contraditório ao extremo (por muita razão que o significado da palavra ) deu cabo de uma das mais promissoras teorias da educação a Educação para a paz, que teve origem no mundo hippy norte-americano. Porque os “direitistas” estavam mais preocupados em formar para o trabalho, do que formar homens íntegros capazes de dizer não à violência (nem que fosse porque a industria do armamento estava precisando de vender armas). Sabe como eles acabaram com a educação para a paz...dizendo que não fazia sentido porque isso pressuponha que havia uma educação para a violência....como vê o jogo das palavras pode ter uma utilização negativa, tal como fizeram com as descobertas de Einstein (não Weinstein)
Miguel, escusado será dizer que entendi onde queria a Caiê chegar. O que fiz foi dar a minha opinião. Agora se quiser procurar a do pessimismo irrealista, faça-o.
Por mim terei todo o gosto em saber mais sobre isso.
"jogo de palavras"? hehe
Impressionante como apesar de eu ter dito tão pouco pareço ter tido o dom de ter sido perfeitamente entendida por todos! Não era, realmente, um jeux de mots nem uma tentativa de levar a teoria ao contraditório. Tão só constatei que o optimismo irrealista faz todo o sentido, e concordo com o exposto. E levantei a hipótese de existir um pessimismo irrealista (que NÃO é o contrário do enunciado, como disse a Miga Brava), que me parece também um mal do nosso tempo. Os eternos deprimidos sem razão, que não vislumbram soluções e inventam problemas e crêem em si próprios menos do que em tudo o resto.
Quanto à sua pesquisa, Miguel, parece-me ser irrelevante dizer que leio o que partilha. Já viu que sim. :)
Enviar um comentário