Fui, na passada semana, a um dos dois espectáculos de ballet que aconteceram em PDL no Coliseu. Era uma ocasião única, não por ser a re-inauguração da casa, mas porque ballet clássico - sobretudo desta qualidade- não é o tipo de coisa que se vê nos Açores. Pode-nos calhar um espectáculo de dança moderna ou um pseudo clássico, de nível escolar, e já vamos com sorte... Wow, o Moscow Classical Ballet. Ok, não é a maior companhia russa, nem a segunda, mas sabemos com que linhas nos cosemos e que dinheiro temos, e é muito mais do que alguma vez apareceu aqui. Fui, e fui muito entusiasmada.
Os bailarinos não desiludiram - profissionais, firmes nos gestos técnicos, artísticos q.b. na expressão. Clap, clap, clap!!! O público... que vergonha. Em primeiro lugar, todos sabemos - e para quem não soubesse, uma alma caridosa fez o favor de escrever no verso do bilhete- que em espectáculos de ballet, ninguém entra depois de começar. É falta de respeito e perturba, não só quem vê mas a concentração dos artistas. Pois aqui, senhores, quando começou metade da sala estava por encher. Não porque estivessem para chegar... mas porque estavam no átrio a tirar fotos para as revistas sociais. Sim, todos sabemos; é importante ir a estes eventos para aparecer nas revistas A e B, junto de C e D.
Depois, no decurso da dança... um infernal barulho. Nem era murmúrio, era mesmo conversa pegada, tanto que me inteirei dos problemas de fígado de uma sra, das infidelidades de um sr e do último quadro de um conhecido artista da nossa praça. Sim, não julguem que quem fazia este barulho era o "povo". Não, era a nata da sociedade de PDL, o creme de la creme açoriano. E mais "Dioguinho, tá quieto, ou a mamã nunca mais te traz !"
Mas a cereja em cima do bolo veio da organização, quando a meio do ballet a música cessou. Parou, pura e simplesmente, e o bailarino - o que é o ballet sem música? - ficou à rasca, certamente pensando que vivia um pesadelo em terras de hereges incultos. E salta uma musiquinha pop, que felizmente durou breves segundos, após o que sobreveio o silêncio e depois, finalmente, arrancou "A Bela Adormecida" de novo.
Com tudo isto, no final, ainda havia quem julgasse ter visto "O Lago dos Cisnes", como ouvi dizer uma cultíssima sra (passa por o ser no nosso círculo). E assim andam os nossos Açores, cada vez mais ultra-periféricos, enquanto os nossos nouveau-riche forem heróis e houver quem ache que a sua rua é o mundo. Até à próxima, Bravas!
segunda-feira, 14 de março de 2005
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10 comentários:
Basta pensar no que se está a fazer bolas!
Não estamos a falar de etiqueta, como alguns gostam de fazer a distinção, mas sim de boa educação. Eu por mim juntava as duas e dizia que a etiqueta sem a boa educação de nada vale. O respeitinho vale muito, pelo menos para mim.
Chateia-me imenso esse tipo de situações que falas acima. Ainda este fds (apesar de ser diferente), tinha no camarote ao meu lado uns putos tirados do inferno. Já se sabe que os mandei calar e é escusado dizer que apanhei com o olhar fulminante dos paizinhos. Tivessem-no feito primeiro.
Aliás, miúdos só a partir dos 12 no coliseu.
O problema é que não se pensa no que se está a fazer.
Pois. São os novos ricos amiga, "andem aí" à força toda, emproados de ares. Ocos como uma batata. Como se o dinheiro comprasse respeito. Enfim.
Eu até os deixava em paz se não me incomodassem, mas incomodam, venha tudo menos falta de educação.
Pois é... deveriam ter ido ver era os Tunalhos no VI El Açor!
Já não teriam que discutir problemas de etiqueta!
http://tunalhos.blogspot.com/2005/03/vi-el-aor-momentos.html
El Greco
Grande pedrada.
Ainda escuto o "pluff" que a pedra fez ao cair no lodo do charco.
Bem atirada. Que pontaria!
Que pedrada.
Ainda escuto o "pluff" que a pedra fez ao cair no lodo do charco.
Bem atirada; que pontaria!
PROPONHO UMA DISCUSSÃO EM TORNO DOS PSEUDO- QUALQUER COISA...INTELECTUAIS, CULTOS, MODERNOS..E OUTROS
Por mim, acho uma excelente ideia Miguel. Vou já tratar disso.
Helder (acho que és tu... Ai, e se não fores? Que chatice, perdoem-me, os Tunídeos que partilhem com sua boa vontade...):
o El-Açor e o Ballet calharam em dias diferentes, moço, como é bem de ver. E, sim, bem se pode ir ver os dois, eu sou eclética, corro o campo todo, como o Paulo Sousa no tempo em que jogava futebol. Au revoir, Bravo!
Vai ao blog dos Tunalhos Caiê. ;) Beijinho
Miga Brava e caros:
obrigada pela atenção.
O debate dos pseudos levava-nos tão longe que fazíamos pontes a ligar as ilhas. Mas podemos fazê-lo, apesar do muito picanço.
Abraços.
espero que esse picanço seja forte..e que construa até uma ponte para a minha desafortunada madeira (desde que não deixem passar o pateta do albertinho..é que sou um dos muitos com a cabeça a premio...eh eh eh o que é uma honra para mim
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