domingo, 20 de fevereiro de 2005

Sufismo

Faouzi Skali, 52 anos, sufi, antropólogo e professor da Universidade de Fez, em Marrocos, é o fundador e director do Festival das Músicas Sacras do Mundo, e foi eleito pela ONU, em 2001, como uma das 12 figuras mundiais que mais contribuíram para o diálogo entre culturas e civilizações.
(...)O sufismo tem simultaneamente um aspecto comunitário e social e um aspecto muito pessoal, porque é uma experiência que cada um deve fazer por si mesmo. Diz-se no sufismo que a experiência é um gosto, um sabor. Na experiência há graus de aprofundamento. É preciso um conhecimento de si próprio para uma pessoa se poder transformar. E, portanto, uma percepção das astúcias e das armadilhas interiores que nos impedem de evoluir. (...)
(...) Não se pode impor uma interpretação. É como a democracia. Não se pode impor a democracia. Portugal fez a sua revolução, ela não foi imposta. Cada um deve seguir o seu itinerário e descobrir o que é a liberdade, sem ter um impacto negativo na liberdade de outros. Impor-se aos outros é o contrário dos direitos humanos. Estas coisas parecem modernas mas são muito perigosas. É o que está a acontecer no Iraque. Milhares de pessoas morreram sem que isso tivesse sido a sua escolha. Até a democracia e os direitos humanos podem ser indevidamente usados. Temos de ser cautelosos. Não posso exigir aos cristãos que sejam a favor do aborto. O problema é se os cristãos transformarem uma convicção em decisão política. Eu sou a favor da democracia mas contra a democracia ideológica. (...)

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