sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Para que a memória não se apague

Aproveitando que se fala de aborto e, portanto, do valor da vida, ocorreu-me que seria uma boa altura para falar aqui deixar mais um pequeno contributo. Para os mais atentos, decerto não terá passado despercebido que ontem se comemoraram 60 anos sobre a libertação dos prisioneiros do campo de extermínio nazi de Auschwitz.-Birkenau, na Polónia. Tal como não terá passado despercebido um fait-diver que ocupou as páginas de várias jornais, que dava conta da fantasia escolhida pelo príncipe de Inglaterra para levar a um baile de máscaras. Juntado as duas coisas, ocorreu-me que há muito mais coisas a fazer pelas novas gerações do que discutir temas indiscutíveis. E que mais uma vez o que é preciso é formar as consciências.

Tenho a certeza que ontem, ao atravessar as portas dos portões daquele campo de concentração, as dezenas de chefes de Estado do mundo inteiro dificilmente conseguiram imaginar o que sentiram as cerca de 1,2 milhões de pessoas que ali foram exterminadas entre 1941 e 1945. Mas nem por isso a cerimónia em que participaram para assinalar o dia em que aqueles mesmos portões se abriram para a liberdade teve menor importância.
A imprensa de todo o mundo (ou quase) deu algum destaque à cerimónia. Mas o mundo é que devia ter parado para olhar com olhos de ver para o local que roubou a vida a milhares de judeus, incluindo os que lhe sobreviveram.

Quando, ontem, voltaram a atravessar os portões do maior campo de extermínio dos nazis para acompanhar a cerimónia de homenagem, esses ex-prisioneiros enfrentaram o maior dos inimigos: a sua própria memória. Se conseguiram, ou não, controlar as explosões dessa memória, que decerto desfiou mais imagens e provocou mais sentimentos do que aqueles que a alma humana consegue digerir, isso é secundário. O que importa é que enfrentaram a memória e estiveram lá, para se certificarem que o mundo não esquece o que aconteceu ali.

Cabe-nos a todos nós velar para que o seu sacrifício não seja em vão. Cabe-nos a nós ajudar a educar o futuro. Para que nenhuma criança deseje, um dia, fantasiar-se com uma farda nazi, com a mesma inocência com que se fantasiaria com a farda de um príncipe. Para que a memória não se apague e com ela a consciência que temos do nosso mundo.

Que nenhuma brava se esqueça disso!

5 comentários:

RD disse...

Farei por isso, por não me esquecer. E se um dia esquecer, à laia de já me servires de dicionário, também te peço que me lembres o que aches que deves. O que aliás, já fazes.
Um beijinho

Vítor Leal Barros disse...

obrigado rosa pelas tuas palavras. beijo grande

A ilha dentro de mim disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
A ilha dentro de mim disse...

Não sei a que palavras te referes, mas este post não é da Rosa e sim da elBravinha. Tal como o anterior...

A ilha dentro de mim disse...

E, já agora, obrigado brava Mor do Gado Bravo! Este dicionário/conselheiro está sempre às ordens, ainda que nem sempre à mão. Mas como quem procura semrpe encontra, sabes sempre onde me achar.
Bjokas grandes!