Hoje foi a sessão solene de abertura do Congresso de Cidadania dos Açores.
Até Maio, vão andar pelas ilhas vários intelectualóides a pregar aos ares as suas altivas palavras.
Digo isto, não que não ache bem. Acho sim muito bem que o Laborinho Lúcio tenha resolvido levantar o rabo da secretária e que faça alguma coisa útil, que é para isso que lhe pagamos. E convenhamos que é bem preciso falar-se mais em cidadania. A maior parte dos Açorianos pensa que cidadania é tudo menos o poder de usufruirem dos seus direitos, entre outras coisas.
A minha picadela vai apenas para a linguagem hermética dos senhores que tem a seu cargo a nobre tarefa de elucidar o povo.
Tenho uma professora, entre outras (mas esta mais que as outras e ainda bem, porque foi com ela que aprendi quase tudo), que me está sempre a corrigir o tom coloquial. Bom, concordo com ela, cada ciência tem a sua própria linguagem e deve-se ter um nível de exigência quando, entre nós, estamos a tratar de algum assunto.
Mas se quero falar de filosofia com alguém que não seja académico, tenho que desdobrar o português para me entenderem, senão corro o risco de cair no monólogo e os outros no sono.
È um facto. Bem o sei.
De qualquer forma, crendo que esta seja uma boa iniciativa - a do Congresso da Cidadania, não posso deixar de contar, que antes de chegar lá à abertura, vi os primeiros discursos na RTPA na companhia da minha colega de casa. Se ela entendeu alguma coisa? Gostava de vos dizer que sim.
Entremeio de tanta conversa floreada, porque a ocasião assim o exigiu (estava lá o PR e tal...), percebeu-se apenas o corrente, o ordinário, porque basta um "palavrão" pelo meio e perdemos significação e consequentemente, sequência. Esperemos que estes senhores não se esqueçam que o objectivo é o de, precisamente, esclarecer o povo. Os outros de fatinho já sabem qualquer coisinha, não é apenas, mas é também para eles.
Se queremos que o povo aprenda mais, temos que ter um discurso ao seu nível, depois sim, que venha o enriquecimento da língua, não há nada mais bonito que o Português bem falado. Da mesma forma que escolhemos roupa para ocasiões, temos que escolher palavras também para elas.
terça-feira, 25 de janeiro de 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário