quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

O Estado da Região...

...Fraco, muito fraco. Pouco conteúdo, pouca clareza, pouca convicção.
Antes disso dever-se-ia ter apostado num debate sobre o aborto primeiro. Só a título de exemplo... e com especialistas da área.
Entende-se que o objectivo seria reunir as opções dos partidos e passá-las desta forma aos telespectadores, mas a verdade é que acabámos na mesma. Sabemos quase o que já sabíamos. Não, a culpa não é do programa (até simpatizo com o Osvaldo Cabral), nem sempre há culpas a delegar a partes, há coisas que correm mal apenas, falta de encaixe... quem sabe.
Talvez tenha falhado um pouco quanto à performance dos convidados em relação ao tratamento de temas, não à sua competência pessoal, isso não está aqui em causa (por enquanto).
Quem quer defender ou condenar deve ir bem preparado para fundamentar, nem todos o foram, uns pareciam debutantes nervosos, outros cobriram-se pela retórica, um ou outro safou-se melhor.
E por exemplo, num caso que me incomoda em particular, o aborto, as coisas não podem nem devem, ser discutidas duma maneira tão superficial. Estamos a tratar de vidas humanas. Será que algum sabe o que quer dizer zigoto? Sem querer ser ofensiva, até porque também tive que perguntar para saber, o aborto não se discute em meia hora.
É que não me parece que tenham consciência que aqui nas casas dos anónimos, um senhor que fale bem, mesmo que não diga nada, entra logo para o rol dos que parecem que sabem, e pronto...! Tá o caldo entornado. Vai tudo votar no senhor que fala... fala... E decidem-se assim coisas importantes.
Gostei duma atitude. Quem não quer falar sobre o assunto (seja porque motivo for) di-lo, e não cai em seguidismos.
Pessoalmente sou contra a alteração da lei em vigor. E não me venham com as conversas das pobres que sofrem muito quando fazem abortos clandestinos, que sofrem mazelas físicas que as acompanham para o resto da vida. A maior mazela para uma mulher que aborta é psicológica, essa sim, ela terá que carregar para o resto da sua vida e se não a carrega é porque não tem consciência. Há bastante informação, prevenção. As pílulas são dadas nos centros de saúde... etc etc. Não há justificação séria que cole.
Seria a favor de qualquer despenalização, das drogas leves ou do aborto, se e só se, houvesse informação correta sobre o assunto, esclarecimento, e se atingíssemos níveis de civismo médios pelo menos. Estou convencida que a estatística baixava.
Mas vai-se varrendo para debaixo do tapete em vez de se ir ás causas, é como a droga. Mas isso ainda é outro assunto que fica para outra vez.


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