"Elogio de Cavaco...
Não sou socialista, mas farei campanha por Manuel Alegre e votarei em Manuel Alegre, na primeira e na segunda voltas. E não tenho dúvidas de que a eleição presidencial irá decidir-se, por uma margem de votos muito pequena, entre Cavaco e Alegre. Espero, naturalmente, que o meu candidato vença, mas reconheço que, hoje, Cavaco é um opositor de peso, muito mais do que o foi em 1996. Cavaco é um tipo sério e que, de uma forma consistente, transmite a imagem de alguém que, genuinamente, acredita no que está a dizer. De Soares, ninguém poderá, em consciência, afirmar o mesmo.Apesar de ser apoiado por uma turbamulta de deserdados do regime, que esperam há muito tempo a oportunidade de um ajuste de contas, não tenho dúvidas de que Cavaco é confiável como Presidente da República. Tenho a certeza de que, em condições normais, cumprirá e fará cumprir a Constituição da República, procurando garantir o regular funcionamento das instituições democráticas. E estou convencido de que agirá sempre com lisura, honrando o compromisso de preservar a "estabilidade". De Soares, ninguém poderá, em consciência, afirmar o mesmo.O que me separa de Cavaco é tudo o mais: a frieza tecnocrática, a cultura light, a pose académica e magistral, o discurso acaciano, quadrado e conformista. É formalmente confiável, mas não inspira paixão - e, na presente conjuntura, os portugueses precisam, politicamente, de se apaixonar, de acreditar numa causa, de voltar a sonhar.Eis a razão principal por que apoio Manuel Alegre. Talvez ele não perceba muito de economia e de finanças, mas tem biblioteca e fala como se o país mais secreto e antigo falasse com ele. Ele faz-me reconciliar com a grandeza da história de Portugal e esse é, sem dúvida, o seu grande trunfo. Se o souber jogar, ganhará."
Ora bem, não vou votar Alegre, mas sim Cavaco pelas mesmas razões acima ditas. Não creio que haja necessidade de paixões ou de sonhos, ou de tão perto, sussurros secretos ao ouvido para o bem dos portugueses. Talvez seja esse o nosso mal. Querermos viver de paixões em vez de usarmos mais a razão.
Pois seja. Vão sonhando, lendo poemas e rezando a Deus, que as vossas utopias aparecem de certeza por obra do Espírito Santo.
Hellooooo... D. Sebastião não volta...!
Por outro lado, também não vou ficar muito triste se Alegre ganhar. Não desgosto do homem apesar de achar que não seja cargo para ele (sinceramente também não me apetece ver tudo PS), e assim, dou-lhe o benefício da dúvida. Tudo menos Soares.
Deixo inclusivé o blog de campanha de Alegre, só para não dizerem que não sou democrata. ;)
Boas reflexões e bons votos.
8 comentários:
Cavaco durante seu legado de primeiro-ministro entre 1985 e 1995, deixou sua marca no tecido social de Portugal tal como um cão que urina num poste. Marcou sua posição, e ponto final. Nem investiu no tecido social do país, nem cultivou um clima de pactos sociais numa altura importante, dez anos depois da Revolução e a transformação social inerente.
Cavaco Silva não investiu no tecido social de Portugal fundamentalmente porque é o tipo de pessoa que tem problemas com a relação humana, condição básica para qualquer candidato à Presidência.
Como é que Portugal, cuja população é historicamente da área política do centro-esquerda, pode eleger um presidente com caracter abrasivo, arrogante, antipático e ríspido, como é o Cavaco Silva, que foi descrito por fontes de imprensa estrangeiros como “o espinhoso”?
Para a presidência, é preciso uma pessoa culta, que sabe quantos cânticos tem Os Lusíadas, que sabe comer com a boca fechada, que sabe mexer nos talheres, e cuja esposa esteja à altura e não ridicularize as pessoas pela sua maneira de falar.
É preciso uma pessoa ponderada, simpática, moderada, paterna, calma, conciliador, humilde quanto baste mas com a capacidade de atingir e motivar as pessoas com inteligência emocional e não QI frio, em fim, uma pessoa que gosta dos seres humanos e que tem uma relação normal com eles.
Para aqueles cujas memórias sejam curtas, uma pergunta: será que Cavaco Silva tem o perfil certo, será que tem uma única qualidade daquelas referidas acima?
Então Cavaco...não obrigado.
Estava a ver que não vinha Estrelito ;)
Concerteza que não esperava que comentasse doutra forma.
Eu devo ter a memória curta pois não é essa a ideia que fiquei dele. Só porque uma pessoa é aparentemente mais fria não significa que o seja realmente e, mesmo que o seja, isso não mexe minimamente comigo. Se for para fazer juízos de valor avalio pelo carácter e não pelo tamanho do sorriso.
Esse paradigma contemporâneo do político de espectáculo, com a bela palmadinha nas costas, passeios pelos mercados e discursos incendiados e... ocos, nunca me disse nada.
Para o que é, como já lhe disse antes, prefiro quem saiba respeitar compromissos e tenha palavra, do que um palhaço de circo qualquer que venha dizer mais do mesmo.
Mais, isso de Portugal ser esquerda/centro/direito/amarelo ou preto, é um mau argumento. As coisas mudam de vez em quando e ainda bem que assim é.
Não gosta... não compra.
Sócrates não é também um tecnócrata? Para mim é, e também não tem um sorriso do tamanho do quarto de lua.
Só lhe falta o carácter, mas ainda assim convenceu muitos com a postura.
Cavaco e Sócrates são farinha do mesmo saco. Fazem uma linda parelha. Com estes dois não só é mais do mesmo, com a agravante que é regressar a um estilo arrogante e tecnocrata que o Povo já regeitou.
"(...) prefiro quem saiba respeitar compromissos e tenha palavra, do que um palhaço de circo qualquer que venha dizer mais do mesmo."
Quem é o palhaço?
Não me referia a ninguém em particular Rodrigo.
...e com isto encerro as minhas conversas sobre política. fartei-me.
abraços. GB
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