terça-feira, 11 de outubro de 2005

Mais do mesmo

Falando mais um pouco em ética política.
Não sou expert, mas posso dizer do pouco que sei.
Ética política é ter respeito pelos outros como pessoas que são, como nossos semelhantes com os mesmos direitos, o que implica saber refutar as suas ideias sem que se entre em cinismos ou guerrilhas que se sabem de antemão não levar a lado nenhum (isso não será uma con-versa, mas sim uma afirmação ou negação apriori do que o outro poderá ter para dar), ou seja, não é sinónimo de chamar nomes e tirar olhos aos outros «amigavelmente».
Ética política é ser-se correcto ou coerente/congruente em relação ao que nos propusemos, não é sinónimo de manipulação ou de maquiavelismo. Até o utilitarismo de Stuart Mill era ético.
Ética política é saber usar a liberdade de expressão ou de acção sem que se caia em libertinagem ou demagogia, pede-se consciência social. Em sociologia chamam a isto «densidade social» que é o grau de unidade material e moral duma sociedade, medida, ao mesmo tempo, pela concentração da população e pelo número de indivíduos que vivem a vida moral comum.
Ética política é não usar o argumento falacioso «Ad Hominem» que significa que quando, em vez de se procurar refutar a verdade de uma asserção, se ataca a pessoa que a faz. Explico, aqueles que utilizam o ataque ofensivo «Ad Hominem» procuram desacreditar ideias desacreditando a pessoa que as tem. O facto de um ataque falacioso com estas características ser despoletado por uma pergunta não falaciosa não altera em nada, como não alteraria mesmo que esta o fosse.
Há valores, meus caros, que por mais que se adulterem com as modas e/ou por consequência da época, acabam sempre por vir ao de cima, e em política uma carreira é construída sobre eles.
É uma escada que tem degraus de manteiga, até porque não há poder que dure para sempre, o poder é efémero.

9 comentários:

Caiê disse...

Cara Brava!
O poder é efeméro, muito mais que a vida de quem o exerce... porém, raramente os governantes - que ridículo é chamar-lhes poderosos, quando muitas vezes nem sabem de metade do que se passa... (oh secretárias e assessores, olá) se lembram disso! -:)
Quanto à ética... Tu conheces muita gente que saiba o sentido verdadeiro dessa palavra? Qualquer dia, sai do dicionário por ser de uso arcaico na língua portuguesa!

RD disse...

De pouco me importaria que soubessem o que quer ela dizer desde que agissem com ela interiorizada.

JC disse...

gado bravo:

Se agissem com ela interiorizada, é porque a sentem, porque a compreendem muito bem, porque a aplicam no dia-a-dia. Não precisam da saber o que ela quer dizer, porque já o são, já o sabem.

Não será assim?

RD disse...

Concerteza, foi o que quis dizer acima.
Seria o ideal, não? ;)

RD disse...

Mas numa sociedade onde impera a informação através da democratização de meios (que é bom, registe-se), mas contudo, sem base de conhecimento interiorizado - como poderemos ser capazes de agir bem ou de decidir bem? Saberemos qual será a melhor escolha? Temos bons exemplos? Entendemos o que se passa apenas pelo que os nossos olhos vêem?
Se o nosso processo de conhecimento não for trabalhado através da educação, do raciocínio lógico, a nossa capacidade reflexivo-crítica (entendimento/criatividade/intervenção) estagna por completo. Acabamos apenas por digerir ideias - informação - que é tão sólida como o jornal de hoje amanhã já desmentido.
Isto para a política e para todo o resto, daí termos que começar a pensar em investir numa auto-reflexão se queremos melhorar as coisas - começando por nós e pela nossa vontade - e nisso o Governo não pode ajudar com subsídios.
A solução não é, certamente, a que se pretende ouvir, não é a mais fácil porque não cai do céu. Depende unicamente de cada um de nós no seu dia-a-dia.

Muito se irá falar ainda de ética, mas julgo que o importante será passar um pouco à frente e pensar-se em normas de conduta política. Infelizmente considero isso como mais um atestado de infantilidade, mas um mal necessário já que a ética é anterior ao agir, e se não é interiorizada, ao menos que hajam penalizações com fins educativos.
É preciso nunca esquecer que os exemplos que o povo tem são também dos políticos e se eles fazem... porque não farei eu? Não é assim? ;)

JC disse...

Onde é que eu já ouvi essa tremenda salganhada!?

"(...) penalizações com fins educativos."

!!!

Ouvi bem?" penalizações com fins educativos" ?!

O que é isso?! Até fico assustado-confesso.

RD disse...

heheheh.
No fundo e para simplificar, é o mesmo que dar um tabefe a um miúdo quando é mesmo preciso.
Sou contra a violência, já se sabe, mas já que o puto não se comporta ou se importa seque com isso, um tabefe não o vai matar e pode ser que aprenda para a próxima.
Get it?

RD disse...

Não é lei, é norma. Norma é algo aceite por todos como correcto, quase tipo senso-comum, mas escrito.

Vagabundo disse...

Muito bem explicita essa tua divagação!!!

Abraço Vagabundo