quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Mais um pato bravo...

Recebido por email. Não sei se é de fonte segura, nem fui confirmar se os dados estão correctos, mas a sê-lo... é estupidamente grave.

"APESAR de ter apenas 50 anos de idade e de gozar de plena saúde, o socialista Vasco Franco, número dois do PS na Câmara de Lisboa durante as presidências de Jorge Sampaio e de João Soares, está já reformado.

A pensão mensal que lhe foi atribuída ascende a 3.035 euros (608 contos), um valor bastante acima do seu vencimento como vereador.

A generosidade estatal decorre da categoria com que foi aposentado - técnico superior de 1ª classe, segundo o «Diário da República» - apesar de as suas habilitações literárias se ficarem pelo antigo Curso Geral do Comércio, equivalente ao actual 9º ano de escolaridade.

A contagem do tempo de serviço de Vasco Franco é outro privilégio raro, num país que pondera elevar a idade de reforma para os 68 anos, para evitar a ruptura da Segurança Social.
O dirigente socialista entrou para os quadros do Ministério da Administração Interna em 1972, e dos 30 anos passados só ali cumpriu sete de dedicação exclusiva; três foram para o serviço militar e os restantes 20 na vereação da Câmara de Lisboa, doze dos quais a tempo inteiro. Vasco Franco diz que é tudo legal e que a lei o autoriza a contar a dobrar 10 dos 12 anos como vereador a tempo inteiro.

Triplicar o salário. Já depois de ter entregue o pedido de reforma, Vasco Franco foi convidado para administrador da Sanest, com um ordenado líquido de 4000 euros mensais (800 contos). Trata-se de uma sociedade de capitais públicos, comparticipada pelas Câmaras da Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra e pela empresa Águas de Portugal, que gere o sistema de saneamento da Costa do Estoril. O convite partiu do reeleito presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo, cuja mulher é secretária de Vasco Franco na Câmara de Lisboa. O contrato, iniciado em Abril, vigora por um período de 18 meses.A acumulação de vencimentos foi autorizada pelo Governo mas, nos termos do acordo, o salário de administrador é reduzido em 50% - para 2000 euros - a partir de Julho, mês em que se inicia a reforma, disse ao EXPRESSO Vasco Franco.

Não se ficam, no entanto, por aqui os contributos da fazenda pública para o bolo salarial do dirigente socialista reformado. A somar aos mais de 5000 euros da reforma e do lugar de administrador, Vasco Franco recebe ainda mais 900 euros de outra reforma, por ter sido ferido em combate em Moçambique já depois do 25 de Abril (????????), e cerca de 250 euros em senhas de presença pela actuação como vereador sem pelouro.

Contas feitas, o novo reformado triplicou o salário que auferia no activo, ganhando agora mais de 1200 contos limpos. Além de carro, motorista, secretária, assessores e telemóvel."

6 comentários:

A ilha dentro de mim disse...

Só um pormenor: Vasco Franco não era socialista mas sim o vereador comunista da Câmara de Lisboa, que trabalhou em coligação com os socialistas. Mas isso não muda o absurdo do valores, se eles forem mesmo verdadeiros...

Anónimo disse...

Seria interessante uma pesquisa que totalizasse o nº de pessoas e quantitativos, (mensais e anuais), das reformas p.e. superiores a 5.000€ mensais (1.000 cts) que existe neste país.
Concerteza que se chegaria a um número astronómico.
Por isso, obrigam o povo a apertar (sempre) o cinto!
Pudera! É sempre pouco para eles!
Não foi para isto que houve a Revolução dos Cravos!
Mas, infelizmente, ainda está pior do que no tempo do fascismo!
Por isso, força na denuncia destes autênticos crimes!

Caiê disse...

Periquito:
o problema é que a Revolução não mudou as MENTALIDADES...

Anónimo disse...

Então a mesma foi imcompleta, ou... ainda falta fazer essa revolução? (a da mentalidade?)

Anónimo disse...

periquito, todos nós gostaríamos (penso eu) que as coisas evoluíssem todas ao mesmo tempo, mas isso nunca acontece dessa forma. a cultura está enraízada nas pessoas, não é fácil mudar-se convicções porque isso seria para muitos perder o chão debaixo dos pés, a sua identidade.
por outro lado penso se essa resistÊncia não será uma forma de prevenção.
as revoluções s~~ao necessárias para despertar, como movimento pontual, mas raramente se prolongam. repare nos movimentos mais radicais que o mundo viveu... não prevaleceram pois não? só provocaram mudanças necessárias.
o que acho é que essa mentalidade muda sim, mas lentamente, muito lentamente, e nem sempre para onde pensamos que é.

Anónimo disse...

Curiosamente, hoje de manhã, estava a falar com o Dr. Carlos Cordeiro, professor da universidade e natural de S. Jorge (terra da minha mãe querida), e falávamos nós do tempo de Salazar, o seu tempo.
A propósito disso, dizia-lhe se não teria sido uma época de «lavagem cerebral», e ele respondia-me que não. Que não era assim que se pensava, porque não se sabia o que se sabe hoje. Que só depois de ter ido para fora da sua terra é que começou a questionar as coisas e a vê-las de outra forma, hoje tem o panorama geral, mas antes seria difícil de entendê-lo, até porque nem toda a informação que chega é a mais correcta. Só o tempo clarifica pela educação e factos.
Com isto penso que respondo à sua questão em relação às mentalidades. Não são pontuais numa época precisa, são geracionais e lentas. Temos que saber interpretar bem as coisas e para isso, só através da educação. E reafirmo pela milésima vez - que falta em Portugal.
Não há nada que possa funcionar devidamente enquanto o povo não for esclarecido, enquanto não souber pensar por si. O nosso sistema de educação está feito para que haja informação que é desmentida no dia seguinte. As pessoas não entendem o que se passa, não sabem interpretar e vivem de reacções rápidas, deixam de ter crenças em causas, etc. O verdadeiro saber está-se a perder se o sistema continua assim.
Há mais cultura geral sim senhor, mas isso não quer dizer que se a saiba pensar.
Enfim, já me estou a alongar, para variar.
Periquito, as mentalidades só mudam quando as pessoas entendem que é melhor mudarem. Enquanto não perceberem porquê, por aí ficam, e pode vigorar o governo A,B ou C que tudo se mantém.
Abraço.