quinta-feira, 26 de outubro de 2006
Um sinistro debate
O debate promovido ontem à noite pela RTP1, a propósito do concurso «Grandes Portugueses», foi assustador. Em vez de uma sessão esclarecedora sobre a escolha dos mais admiráveis desta lusa nação, tivemos uma sessão de bate-boca em torno da figura de Salazar. O concurso que a RTP1 está a promover pretende oscultar o pulsar da nação, mas o debate, moderado por Maria Elisa, não conseguiu atravessar a cortina fantasmagórica do Senhor Censura. No meio de tanta asneira, as palavras que saíram da boca dos convidados mais jovens pareceram-me as mais sensatas. Não sei se a frescura da juventude permite olhar a realidade com mais clareza, mas pelo menos não a complica. E esse é o verdadeiro segredo da grandeza!
quarta-feira, 18 de outubro de 2006
O secretário de Estado que devia ser anestesista
Tirei um dente do ciso. Não é que esta seja uma declaração importante para o mundo, pelo menos aparentemente. Mas foi uma experiência deveras interessante...
Há mais de 16 anos que não tirava um dente e já nem me lembrava como era. Apesar da delicadeza da minha dentista e da anestesia potente - uma agulha espetada do lado de fora e outra do lado de dentro - confesso que me senti como se estivesse nas mãos do dentista de «O velho que lia romances de amor».
Aliás, enquanto a minha dentista gastava as suas forças para conseguir arrancar o meu ciso só me lembrava das primeiras cenas do livro de Sepúlveda e dos impropérios que o doutor Rabicundo Loachamín lançava enquanto anestesiava os seus pacientes com o seu potente remédio oral.
“Quieto, carago! Tira as mãos! Já sei que dói. E quem é que tem a culpa? Quem? Eu? Quem tem a culpa é o Governo! Mete isso bem na moleirinha. O Governo é que tem a culpa de teres os dentes podres. O Governo é que tem a culpa de te doer», gritava então o doutor Loachamín arrancando dentes a frio.
O meu não foi arrancado a frio, mas passada a anestesia as dores começaram a chegar. Já passaram cinco dias, mas apesar do antibiótico a boca ainda dói e o buraco tarda em fechar.
Desesperada, abro a televisão para me distrair um pouco e ouço uma notícia animadora: «O preço da energia vai aumentar 15,7%». Apetece-me gritar, mas antes que tivesse tempo para fazer minhas as palavras do dentista de Sepúveda, a anestesia oral sai disparada da boca do próprio Secretário de Estado: «A culpa é dos consumidores! Pagaram pouco no passado, agora aguentem!».
Perante tal impropério, a minha dor passou. Acho que se foi embora com o susto. Vou recomendar ao secretário de Estado que peça a demissão. Ganhava muito mais como anestesista!
Há mais de 16 anos que não tirava um dente e já nem me lembrava como era. Apesar da delicadeza da minha dentista e da anestesia potente - uma agulha espetada do lado de fora e outra do lado de dentro - confesso que me senti como se estivesse nas mãos do dentista de «O velho que lia romances de amor».
Aliás, enquanto a minha dentista gastava as suas forças para conseguir arrancar o meu ciso só me lembrava das primeiras cenas do livro de Sepúlveda e dos impropérios que o doutor Rabicundo Loachamín lançava enquanto anestesiava os seus pacientes com o seu potente remédio oral.
“Quieto, carago! Tira as mãos! Já sei que dói. E quem é que tem a culpa? Quem? Eu? Quem tem a culpa é o Governo! Mete isso bem na moleirinha. O Governo é que tem a culpa de teres os dentes podres. O Governo é que tem a culpa de te doer», gritava então o doutor Loachamín arrancando dentes a frio.
O meu não foi arrancado a frio, mas passada a anestesia as dores começaram a chegar. Já passaram cinco dias, mas apesar do antibiótico a boca ainda dói e o buraco tarda em fechar.
Desesperada, abro a televisão para me distrair um pouco e ouço uma notícia animadora: «O preço da energia vai aumentar 15,7%». Apetece-me gritar, mas antes que tivesse tempo para fazer minhas as palavras do dentista de Sepúveda, a anestesia oral sai disparada da boca do próprio Secretário de Estado: «A culpa é dos consumidores! Pagaram pouco no passado, agora aguentem!».
Perante tal impropério, a minha dor passou. Acho que se foi embora com o susto. Vou recomendar ao secretário de Estado que peça a demissão. Ganhava muito mais como anestesista!
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Da minha janela...
Vejo um dia um dia que amanheceu cinzento e chuvoso, como se o Outono já tivesse dado lugar ao Inverno. O frio não veio, mas a humidade, essa, insiste em dominar a paisagem, feita de pensamentos e desejos felizes.
Subscrever:
Mensagens (Atom)