sábado, 9 de abril de 2005

A Imagem dos Políticos

Agora vamos falar um pouco mais a sério.
Se há conversa que ande na boca de qualquer pessoa, assuma-se a pessoa como «política» ou não, é a questão da imagem dos políticos, ou melhor, o que eles representam, representavam ou deveriam representar.
Goste-se ou não da «classe», esta a todos incomoda por igual, e faz todo o sentido que assim seja, já que são estes quem nos representa.
Nesta matéria todos criticamos - mais para mal do que para bem - mas a questão é que não sabemos se faríamos melhor, porque não estamos simplesmente no lugar deles. Não sejemos idealistas exacerbados.
Acabamos por ser treinadores de bancada - com bastante influência, claro está, mas isso não nos dá o direito de humilharmos e trazermos a vida pessoal de cada um ao barulho. Dá-nos apenas o direito de participar na vida política indirectamente.
Todos os políticos são pessoas como nós - falíveis, mas chegou-se a um ponto patético de se falar dos políticos como se fossem deuses maléficos e maquiavélicos. Uns corruptos, uns procuradores de tachos, uns espertalhaços que tiveram sorte pelo paizinho ou pela mãezinha, uns isto e outros aquilo.
Pode haver desses e há desses, todos sabemos disso, há gente para tudo e aqui também não há excepções. Mas é importante que se tenha cuidado a falar da «classe» quando nos referimos a um ou dois (ou 50), pois nem todos são iguais. Se há incómodo em particular, aponte-se o dedo à pessoa e dê-se a cara com conhecimento de causa e faça-se justiça, afinal isto é ou não é uma democracia? Anda tudo a rosnar baixinho porque não é conveniente ladrar à mesa, depois então não se queixem de levar dentadas.
Há muito boa gente competente na nossa sociedade, capaz e inteligente, que não pertence a partido nenhum - quiçá hipoteticamente, porque ouça a conversa de todos os dias - e talvez, como consequência, retrai-se de dar a sua participação. A verdadeira participação que poderia vir a alterar muita coisa e nomeadamente a imagem que se tem actualmente dos políticos. Assim cai-se mesmo em descrédito meus amigos, porque não, se nem em si mesmos acreditam!?
Quem tenha convicções ideológicas, concretas, mais ou menos, ou assim assim, e que pensa ser capaz de fazer melhor ou de dar apenas um sério contributo, que tente fazê-lo. Não duvido que hajam bastantes potenciais escondidos de todas as cores. Pelo contrário, quem não goste da actividade e não ache nada, não está a decidir nem a participar, está só a resistir e portanto, que se limite a não estragar.
Os partidos são associações como outras quaisquer, compostas por pessoas como nós, e estão de portas abertas a todos, que se perca de vez a triste imagem de inacessibilidade à participação da sociedade. Queremos todos mudanças em geral, não queremos? Então estamos à espera de quê? Das notícias e da informação de rodapé para ir ao tasquedo do Sr. João verborrear que a situação actual está má? Com sorte estará lá um olheiro político que o reconheça, não?
Engane-se quem pense que pertencer a um partido é condicionar o livre espírito de pensar.
A liberdade vive-se apenas quando começa dentro de nós.

15 comentários:

carlos disse...

O problema, Gado Bravo, não é a imagem dos políticos ou a (i)legitimidade dos treinadores de bancada .... o verdadeiro problema é que os partidos tenham o monopólio da coisa pública e depois se comportem (muitas vezes) como meras associações de socorros mútuos.

Anónimo disse...

Isto espremido...não dá nada!

RD disse...

Acho que me percebeu melhor do que pensa, caro anónimo.

Carlos, aqui para nós, acredita mesmo no que escreveu?
Acho que o verdadeiro problema está em nós, não no exterior. Acho. Penso. Suponho. ;)

João Pacheco de Melo disse...

Vou responder partindo do principio que, o "gado bravo", é aquela "gueixinha" que conhecí recentemente.
Eu percebo-te!
Mas é a doce e sã ingenuidade da juventude - para mais; bem formada - aquilo que te impele.
Mas julgo - e penso aqui não estar a demonstrar pessimismo - que o teu pensamento tem um erro; onde vez a regra penso existir a excepção, e vice versa!
Oxalá esteja enganado. Mas julgo que não.
E, como sabes, quem isso diz tem o dobro (talvez até mais) da tua idade e também, por vezes, adora ser ingénuo!

Para o que sobra dele;
BOM FIM DE SEMANA!

João Pacheco de Melo disse...

m****: onde vês, e não "onde vez"!

carlos disse...

....bem, Gado Bravo, vamos lá partir do princípio que o verdadeiro problema está em nós ....resta saber em que parte de nós; será naquela parte que nos inibe, pelo menos a mim, de entrarmos para um partido político?

RD disse...

Antes de mais vou desmontar um pouco a coisa.
Este texto que escrevi acima, anula-se a si mesmo por todo o lado. Desculpem-me o «jogo de palavras» que se o Miguel andasse por aqui matava-me de certeza, mas quando o comecei a escrever a ideia não era esta, só que foi tomando um rumo que manhosamente deixei ficar.
Todos os prós e contras estão ao mesmo nível, o que defendi tb ataquei e vice-versa. Há alguma mensagem pelo meio, claro está, mas o seu objectivo acabou por mostrar o que eu queria.
Isto é a verborreia pura e crua usada todos os dias por todos nós, mas de tal forma construída, que não se detecta facilmente.
Tal como o anónimo disse e muito bem (pena que venha sem nome e aqui marco ponto quando digo que as pessoas não dão a cara), isto espremido não dá nada! Isto é o nosso dia a dia amigos queridos. Blá blá blá sem consistência nenhuma.
Vocês vieram embalados e agradeço-vos porque escreveram, muitos não se quiseram meter (o que é hábito), mas no fundo o que há a discutir é o facto de nao se fazer NADA!
JPM, eu gosto de me manter ingénua por opção (se é q me entende), depois de já ter percebido o sistema, não me interessa nada ser o contrário, isso só faria de mim cúmplice.
Carlos, o problema está na nossa mentalidade em geral. Já que qualquer parte forma o todo. Não se trata de entrar para partidos, mas de fazermos hoje, presente, algo que realmente mude as coisas, estejamos ou não lá.

Apesar de uns não gostarem muito do termo, somos o povo mais idealista que eu já vi. Andamos sentados entre o passado a sonhar com o futuro bonito, há um fosso enorme em que não cabe o presente e mesmo na prática se vê bem isto.

RD disse...

Sou a "gueixinha" sim JPM :))

RD disse...

Fiz-me entender ou não?
Vocês agora matam-me pela "brincadeirinha", hihi.
Sorry. ;)

V. disse...

Ah boca santa!!!

Anónimo disse...

Não fazer nada para contrariar o sistema de que discordas faz de ti maior cúmplice do que entrar no esquema para o tentar contrariar...

RD disse...

Indeed my friend. Se assim fosse. Mas como sabes não é assim.

Anónimo disse...

é por essas e por outras que me fatiga falar de política... acho que tens razão rosa...eles são falíveis como qualquer outra pessoa...certamente o que incomoda as pessoas como nós, que n participam directamente na política, é que o jogo nem sempre tem as mesmas regras para todos e há sempre quem as contorne...

beijo

Anónimo disse...

...bem! Adorei a desmontagem!!! Parabéns!

[agora, aqui pra nós que ninguém vai ler: não é assim que a rede se faz?! Malha sobre malha?!!]

RD disse...

Concerteza que sim Eliseu, com a simples diferença que eles dão a volta e eu abri o jogo.
Intenções, como eu sei que o Eliseu sabe, serão sempre casos inúteis de tentar descobrir. Aqui suponho que terá que confiar em mim. ;)