terça-feira, 29 de novembro de 2005

Na hora de pôr a mesa

Tinha acabado de almoçar quando de repente ocorreu-me que neste maldito ano de 2005 a minha familia ficou com menos 4 membros. Como sou pessoa de ficar a cismar com estas coisas decidi "apanhar o touro pelos cornos" e aceitar a coisa.

Aqui vai um poema de um gajo muito mais rijo e talentoso que eu, que escreve as coisas mais fabulosas do mundo! E apanha sempre o touro pelos cornos.

"Na hora de pôr a mesa


na hora de pôr a mesa, éramos cinco:o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu.
depois, a minha irmã mais velha casou-se.
depois, a minha irmã mais nova casou-se.
depois, o meu pai morreu.
hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco, menos a minha irmã mais velha que está na casa dela, menos a minha irmã mais nova que está na casa dela, menos o meu pai, menos a minha mãe viuva.
cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco."

José Luís Peixoto

3 comentários:

Anónimo disse...

bonita essa alusão à memória. :)
sem dúvida.

Caiê disse...

Sinto o mesmo... Cada vez mais cadeiras vazias. Cada vez, a memória tem de substituir as pessoas e risos que já lá não estão.

Anónimo disse...

como não temos outro remédio mais vale ver a coisa duma forma gira.